Festivais de cinema no Brasil, a exemplo da Mostra Internacional de São Paulo, já se tornaram tradicionais e conquistaram um público fiel. Outros são mais jovens, como o Festival do Rio. Mesmo assim tem demonstrado crescente pujança e se revela uma das principais vitrines das recentes produções. Porém, restam algumas lacunas, como eventos direcionados a filmes sobre arte. Coube à pequena Monte Verde, no sul de Minas Gerais, a 160 km de São Paulo, entrar nesse circuito, cujo maior representante é o organizado todo ano em Asolo, na Itália. Cercada por elevações da Serra da Mantiqueira, a chamada Suíça Brasileira é considerada um dos melhores destinos para o inverno – estação na qual chega a alcançar temperaturas negativas. Entre os dias 15 e 18 deste mês, em plena primavera – e, portanto, em clima mais ameno –, Monte Verde sedia a primeira edição do Move Cine Arte.
Com 19 títulos, a programação reúne títulos nacionais e estrangeiros sobre cinema, dança, arquitetura, pintura e design, entre outras expressões. Um dos destaques é o filme franco-espanhol Danse la Danse – Nacho Duato (2012), documentário sobre a despedida do coreógrafo Juan Ignacio Duato Bárcia, que por duas décadas liderou a Companhia Nacional de Dança da Espanha. Já Opalka – Uma Vida, Uma Obra (2011) apresenta o artista polonês Roman Opalka (1931-2011), que por 45 anos trabalhou em uma imensa tela, registrando o processo irreversível da passagem do tempo. No documentário Picasso Cria Através da Lente de David Douglas Duncan (2011), o cineasta Thierry Spitzer mostra a admiração do fotógrafo de guerra, que acabou rendendo curiosas imagens da intimidade do pintor espanhol.
Na seleção nacional, valem as sessões do videoensaio Shoot Yourself (2011), de Paula Alzugaray e Ricardo Van Steen, e do curta # (2011), de André Farkas e Arthur Guttilla, entre outros. O primeiro aborda os limites entre fotografia e performance como formas artísticas de construção da identidade. O segundo usa o light painting – efeito fotográfico em que a luz é utilizada para criar desenhos – e a técnica de animação stop motion para abordar a arte urbana em São Paulo.
Além da programação, outro diferencial do festival são as sessões vespertinas, que acontecem junto à lareira, com vinho distribuído aos participantes, acomodados em sofás. Para um público maior, as sessões noturnas acontecem num casarão em meio a uma floresta de eucaliptos. O melhor de tudo: todos os eventos são gratuitos. Para adquirir ingresso, basta chegar às salas de exibição com uma hora de antecedência.
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