DIVERSÃO Cenas de Magic Mike e Frankenweenie

Boy magia
Magic Mike, do diretor Steven Soder-bergh (Contágio), foi inspirado em situações vividas pelo protagonista Channing Tatum antes da fama e apresenta ao espectador o universo dos strippers masculinos. O filme tenta se embrenhar nas emoções dos bonitões e busca romper com estereótipos. Em dado momento, o espectador é, de certa forma, convidado a se identificar com Mike que, vivendo a crise dos 30 anos, quer mudar de vida, cidade e profissão. No limite, o realizador não consegue humanizar os personagens, que permanecem como todo mundo os vê: meros objetos sexuais. Ainda assim, a fita vale pela farra.

Animação
Os recentes ParaNorman e Hotel Transil-vânia vieram demonstrar o que já se observava há algum tempo: Disney e Pixar vêm perdendo espaço com lançamentos carentes de ousadia, a exemplo de Valente. Some a isso um cansado Tim Burton. O resultado é o mediano Frankenweenie. O filme de encerramento da 36a edição da Mostra Internacional de Cinema leva a marca pop-pseudogótica de seu realizador. Trata-se de uma bem cuidada animação feita em stop motion, cuja premissa já parece datada perto de outros lançamentos do gênero. Na paródia à manjada narrativa do doutor Frankenstein, criada por Mary Shelley no século 19, o jovem e tímido Victor tenta reviver seu cãozinho, que morre atropelado. Pensado inicialmente como curta-metragem, Frankenweenie precisou ser expandido e o roteiro foi enxertado com todas as referências a filmes de terror possíveis. Mas os malabarismos visuais ofuscam a simplicidade da mensagem final: o amor entre uma criança e seu bichinho de estimação.

Comédia malandra
O versátil Andrucha Waddington até tentou fugir da fórmula usada na televisão, mas a presença dos humoristas Marcelo Adnet e Eduardo Sterblitch (do programa Pânico na TV) não nega as raízes de Os Penetras. Espécie de malandro carioca repaginado, Marco Polo (Adnet) vive de trambiques e pequenos roubos. Pouca coisa muda quando ele conhece Beto (Sterblitch) no Rio de Janeiro, atrás de sua amada, Laura (Mariana Ximenes) – ela também uma golpista que espera enriquecer com a ajuda de um velho milionário. Comedido, Os Penetras se esquiva dos clichês da comédia sem apelar para piadas ofensivas ou escatológicas. No elenco, atores de respeito: Stepan Nercessian, Andrea Beltrão, Susana Vieira, Luiz Gustavo, entre outros medalhões. Assim como os recentes lançamentos nacionais de humor, o filme tem tudo para ser um sucesso de bilheteria. Desbravador de gêneros, Andrucha (que já dirigiu comédia, drama, vídeos publicitários e até videoclipe) se prepara para seus próximos projetos: um filme de época e, acredite, uma fita de terror.

DIVERSÃO Cenas de Os Penetras e Holy Motors

Veludo andaluz
Se houvesse uma cria de David Lynch e Luis Buñuel, ela seria Holy Motors, aplaudido minutos a fio após a exibição em Cannes. Um dos favoritos à láurea máxima do festival chega ao circuito comercial brasileiro no final deste mês. Não espere uma história linear: o ator Denis Lavant interpreta 17 tipos durante um incomum passeio de limusine por Paris e, de tão estranhos, hipnotizam a plateia. Se isso não for suficiente, a simplicidade do roteiro combinada à estética surrealista, exótica e futurista, já faz com que o espectador permaneça grudado à poltrona. Do suspense ao nonsense, da comédia ao musical, Holy Motors é uma série de delírios e sonhos do diretor Leos Carax e, embora possa incomodar alguns pelo hermetismo, não deixa de ser um belo exercício de metalinguagem.

Jesus, AIDS e velhinhos
Empreendedor responsável pela reforma do Cine Joia, no Rio de Janeiro, o carioca Raphael Aguinaga estreia neste mês Juan e a Bailarina, primeiro longa-metragem de sua carreira. Gravado na Argentina, o filme retrata a história de um grupo de idosos que vivem em um asilo mantido pela doce enfermeira Rosa. Entretidos apenas por uma televisão, os ocupantes do local ficam especialmente atônitos quando surge a notícia de que o Vaticano criou um clone de Jesus Cristo. Contudo, o clone do Messias cristão é contaminado pelo vírus da AIDS, fato que mobiliza todos os cientistas do mundo a buscar uma cura para a doença. Simultaneamente, Rose sai de férias e é substituída por seu filho, um jovem inescrupuloso conhecido como “A Bruxa” porque, como reprimenda por qualquer coisa que os velhinhos façam, ele lhes tira a televisão. Entre relações pessoais e conflitos internos, os idosos procuram notícias do novo Jesus e pensam em como encontrar uma maneira de se livrar das más intenções da “Bruxa”. Com elenco todo formado por atores e cantores argentinos, o filme de Aguinaga foi uma das obras exibidas e aclamadas pelo público no Festival do Rio, em outubro do ano passado. Agora, a fita entra em circuito comercial em São Paulo e no Rio de Janeiro. (por Gabriel Daher)

Tente outra vez
Para quem perdeu alguns dos títulos mais disputados da mais recente Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, nada de entrar em pânico: alguns filmes exibidos no festival chegam ao circuito comercial já neste mês de novembro, como Um Alguém Apaixonado, longa do iraniano Abbas Kiarostami (Cópia Fiel), e a comédia romântica de tons pop Entre o Amor e a Paixão, com Michelle Williams (de Sete Dias Com Marilyn) e Laurence Anyways, de Xavier Dolan. Com apenas 23 anos, o diretor canadense de Eu Matei a Minha Mãe (2009) comoveu a plateia do festival de Cannes com a história de um jovem que decide mudar de sexo. Para sua surpresa, sua noiva aceita a transformação e, juntos, decidem enfrentar dificuldades e preconceitos.


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