As lições do New Museum

O curador-chefe do New Museum, Richard Flood, fala ao lado de Lisa Phillips

Um museu é formado por pessoas, não por um grande acervo. Essa foi a mensagem deixada por Lisa Phillips, diretora do New Museum of Contemporary Art, de Nova York, a um grupo de estudantes e amantes da arte brasileiros. Em uma palestra realizada nesta quinta-feira, dia 7,  na Escola São Paulo, a executiva contou a história da instituição, fundada em 1977 por Marcia Tucker, e explicou como o museu consegue, até hoje, oferecer ao público exposições e eventos especiais de alta qualidade e grande repercussão sem a necessidade de manter um acervo próprio.

De acordo com a diretora, desde sua fundação o New Museum manteve-se firme em sua missão de promover a arte contemporânea e novos artistas. A partir desse objetivo comum, tornou-se possível formar um grupo de colaboradores com alto nível de comprometimento e profissionalismo. “Se você consegue que todas as pessoas envolvidas no staff, os membros do conselho e o público trabalhem juntos, com uma visão clara e bem comunicada, você tem um empreendimento bem sucedido”, resumiu a diretora.

Lisa Phillips fala à plateia da Escola São Paulo

Em outubro, o New Museum irá realizar em São Paulo, em parceria com o SESC, uma edição do fórum Ideas City, criado para discutir soluções para as grandes metrópoles. O evento foi criado em 2011 em Nova York, no ano passado ganhou uma versão na Turquia e em 2013 chega ao Brasil.

Segundo Lisa, metade do financiamento do museu provém das contribuições de doadores, entre empresas, pessoas físicas e o governo. O restante está dividido entre ingressos (10%), vendas na loja própria (10%), eventos especiais (10%), doações dos membros do conselho (10%) e de associados (10%). “Também precisamos atrair os milionários”, completou. “Afinal, 90% dos recursos que levantamos vêm de 1% dos doadores.”

À frente do New Museum desde 1999, Lisa acompanhou a construção do prédio-sede inaugurado em 2007 e considerado um marco na arquitetura nova-iorquina – uma estrutura concebida como uma pilha de caixas deslocadas fora do eixo. Mesmo assim, ela considera que o maior desafio da história da instituição foi estabelecer-se nos primeiros anos, enquanto ainda era desconhecida do grande público. “Era o dilema do ovo e da galinha. Você não recebe dinheiro se não tem nome, e não tem um nome se não tem recursos. A solução foi construir uma comunidade, que permanece conosco até hoje e em torno da qual desenvolvemos nossos projetos.”

Sobre o mercado brasileiro de arte, Lisa apontou o que considera ser uma vantagem do País em relação aos Estados Unidos. “Vocês têm um governo que afirma considerar a cultura como algo importante. Nos EUA, a arte costuma ser vista com desconfiança, e não é tratada como uma área prioritária”, afirmou


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