Fotos Elvis Ferreira / Divulgação
Paulo Soláriz tinha apenas quatro anos de idade quando foi levado por seu pai para assistir a primeira prova das Mil Milhas Brasileiras, em 1956. O ronco dos motores e a velocidade dos carros que aceleravam na pista do Autódromo de Interlagos encantaram o garoto, que desde então se tornou um apaixonado pelo esporte motor.
Aos onze, Paulo passou a organizar corridas de carrinhos de rolimã em seu bairro, muito dos quais eram fabricados por suas próprias mãos. As aptidões motoras do garoto e sua criatividade levaram Paulo a seguir a carreira de artista plástico, mas ainda faltava algo para que seu sonho se tornasse completo: a velocidade.
[nggallery id=16108]
Hoje, Soláriz é um dos maiores entusiastas do automobilismo brasileiro e responsável pelo designer de troféus, capacetes e diversos artigos relacionados ao mundo do esporte motor. Foi ele quem projetou o troféu dado a Jenson Button no Grande Prêmio de Fórmula 1 do Brasil de 2012. O modelo de capacete San Marino, o mais vendido do Brasil, também tem sua assinatura.
Semana Cultural da Velocidade
Com base nessa paixão, o designer idealizou em 2010 a primeira Semana Cultural da Velocidade, a Velocult. Inicialmente bancado com seus próprios recursos, o evento chega a sua 4ª edição neste ano com o importante apoio de instituições como Petrobrás, Contini, Condomínio Conjunto Nacional e Confederação Brasileira de Automobilismo.
Mais uma vez, a exposição que reúne carros, objetos, fotos e painéis informativos é realizada no Conjunto Nacional, histórico edifício de São Paulo. Na exposição estarão sendo distribuídos exemplares de VELOCIDADE!Brasileiros, revista especial sobre o tema produzida pela Brasileiros.
Neste ano, a Velocult homenageia as 36 edições das Mil Milhas Brasileiras, relembrando a história da mais importante competição nacional de automobilismo. Criada por Eloy Gogliano e Wilson Fittipaldi – pai de Emerson e Wilson Jr. – o evento teve sua última edição realizada em 2008 e ajudou a revelar diversos talentos nacionais e estrangeiros.
Catharino Andreatta, Chico Landi, Abílio Diniz, Bird Clemente, Chico Serra, Nelson e Nelsinho Piquet, irmãos Fittipaldi, Ingo Hoffmann, Jan Balder… São diversos os renomados pilotos que disputaram a venceram a dificílima prova. Realizada durante a madrugada, a competição exigia preparo físico de seus participantes e eficácia motora dos carros e de suas equipes.
Glamour nas pistas
Bicampeão da Fórmula 1 e um dos mais renomados pilotos brasileiros, Emerson Fittipaldi relembra com carinho as dificuldades e o glamour que marcaram as provas das Mil Milhas Brasileiras.
“O Velocult resgata a história de uma época em que era um automobilismo muito difícil, você tinha que ralar muito pra poder competir, com muita criatividade, com muito talento, pilotando carros diferentes que hoje estão em exposição aqui. Eu e Jan Balder pegamos o fim dessa fase heroica, que na minha opinião é a mais glamorosa do automobilismo brasileiro”, confessou o piloto à Brasileiros.
Organizador da exposição, Soláriz reitera a importância da competição, destacando as evoluções automotivas que a prova ajudou a desenvolver em solo nacional. “É uma prova de muita importância para a indústria brasileira de automóveis, para a indústria de autopeças. A Mil Milhas desenvolveu o Brasil, além do glamour da vitória”, conta o designer. “Quem venceu as Mil Milhas Brasileiras está consagrado na história do esporte.”
Para o jornalista e pesquisador Reginaldo Leme, a Mil Milhas Brasileiras representou um período de ouro do automobilismo brasileiro, numa época em que o esporte motor ainda buscava seu espaço e sua profissionalização no País.
“A Mil Milhas era uma fábrica de sonhos. Quando se corria a Mil Milhas no começo jamais se pensava na possibilidade de um brasileiro chegar à Fórmula 1, era uma coisa absolutamente inatingível para quem vivia aquela época”, explica. “A mil milhas teve várias gerações, foi de uma delas que saiu o Emerson, e dele saiu tudo que nós temos hoje, oito títulos mundiais.”
SERVIÇO
4ª VELOCULT – SEMANA CULTURAL DA VELOCIDADE
De 25/2 a 16/3, segunda a domingo das 10h às 18h.
Espaço Cultural Conjunto Nacional: Avenida Paulista, 2.073
Grátis
Deixe um comentário