Foto Reprodução
Um dos mais polêmicos e influentes líderes políticos do século 21, amado por uns e odiado por outros, o presidente venezuelano Hugo Chávez morreu às 16h25 (17h55 no horário de Brasília) em Caracas aos 58 anos nesta terça-feira, dia 5, em decorrência de uma infecção respiratória. A informação foi confirmada na televisão local pelo vice-presidente Nicolás Maduro.
Chávez lutava contra um câncer desde junho de 2011, doença que o levou a Cuba no último mês de dezembro, onde realizou cirurgia para a retirada de um tumor maligno na região pélvica. Durante a cirurgia, no dia 11 de dezembro, o presidente sofreu uma hemorragia e, em seguida, começaram os problemas respiratórios.
O quadro de saúde de Chávez causou grande tensão na Venezuela nas últimas semanas, diante da incerteza que havia sobre sua possibilidade de assumir de fato o novo mandato. Defensor da chamada Revolução Bolivariana e da doutrina do socialismo do século 21, Chávez foi reeleito para seu quarto governo no fim de 2012 vencendo o opositor Henrique Capriles com 54.4% dos votos. Ele estava no poder desde 1999.
A Venezuela aguarda agora por um novo pleito. Diosdado Cabello, presidente da Assembleia (de maioria chavista), assume hoje a presidência e deve convocar novas eleições em até 30 dias. O vice-presidente, Nicolás Maduro, escolhido por Chávez como seu candidato à sucessão, deve ser o candidato da situação.
Trajetória
Filho de professores, Hugo Rafael Chavez Frias estudou na infância na cidade de Barinas, no noroeste da Venezuela, e era amante de esportes, em particular beisebol. Aos 17 anos, ingressou na Academia Militar da Venezuela, onde se graduou em 1975 no ramo de engenharia e prosseguiu na carreira militar.
Foi já como tenente-coronel que, em fevereiro de 1992, Chávez liderou uma tentativa fracassada de golpe de Estado contra o presidente Carlos Andrés Pérez. Detido, passou dois anos na cadeia e foi libertado somente após o afastamento de Pérez, com a concessão de anistia do então presidente Rafael Caldera.
Após abandonar a carreira militar para se dedicar à política, Chávez fundou o Movimento 5ª República em 1997. Foi eleito pela primeira vez presidente no ano seguinte, se posicionando contra os partidos tradicionais e prometendo combater a pobreza e a corrupção.
Ao tomar posse, em 1999, convocou uma Assembleia Nacional Constituinte, que aprovou por referendo a alteração do nome do país para República Bolivariana da Venezuela. Para legitimar a nova carta, Chávez convocou novas eleições para em 2000, nas quais venceu com 55% dos votos.
A partir daí, iniciou um processo de ampliação dos poderes do Executivo, intensificou a intervenção do Estado na economia e reconheceu os direitos culturais e linguísticos das comunidades indígenas. As medidas, desde o início, causaram fortes reações por parte da oposição e de boa parte das elites venezuelanas.
Com ajuda do dinheiro do petróleo, recurso abundante no país, Chávez estruturou também as missões bolivarianas (cerne de sua política social), com o objetivo de combater doenças, analfabetismo, desnutrição e pobreza. O presidente alcançou enorme popularidade, principalmente entre as classes baixas.
Ao mesmo tempo em que incomodou potências da Europa e América do Norte com seus discursos contundentes e por sua aproximação com líderes como Fidel Castro e Ahmadinejad, Chávez foi um dos principais entusiastas da aproximação de países latino-americanos, através principalmente da Alba (Aliança Bolivariana para as Américas) e do Mercosul.
Chávez foi acusado de ter tendências ditatoriais pela tentativa de controle da mídia e pela batalha que comprou contra latifundiários, empresários e líderes conservadores. Em um decreto polêmico, aprovou a Lei de Hidrocarbonetos – que fixava a participação estatal no setor petrolífero em 51%.
A partir de 2002 enfrentou greves e os primeiros descontentamentos de antigos companheiros e dentro do Exército.
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