Os filmes que vi com meu pai

Foto Reprodução

Foi no subúrbio do Rio de Janeiro, há mais de 60 anos, que a história cinematográfica de Carlos Augusto Oliveira, o Guga, começou a ser filmada pelas lentes da vida real. Entretido com as brincadeiras comuns da infância, o garoto orgulhava-se de ter recém ganhado da mãe uma bicicleta novinha em folha, a mais bonita do bairro.

A convite de Carlinhos, vizinho e xará, Guga pedalou até a casa do amigo para ver sua nova aquisição. Lá, na sala escurecida pelas cortinas, os dois garotos sentaram-se no sofá para admirar o aparato tecnológico que Carlinhos possuía. As primeiras imagens começaram a ser projetadas pelo local, que ganhou vida através de cores, imagens e sons. Guga sentira que sua vida havia mudado para sempre ali, naquele instante.

Era mágico. As cenas do desenho animado Virgulino apanha encantaram o garoto, que não pensou duas vezes ao oferecer sua bicicleta pelo projetor de Carlinhos. Desde então, o paulista de Osasco, irmão de Boni (ex-diretor geral da Globo e pai de Boninho, criador do BBB), dedicou toda sua vida ao meio audiovisual e ao cinema, sua grande paixão.

Associação de imaginação

Depois de reavivar histórias de sua infância e de sua juventude em A Vida É um Show, de 2010, o diretor, produtor e crítico de cinema lançou nesta semana seu segundo livro, Os Filmes que Vi com Meu Pai, reunião de contos ficcionais e reais sobre sua história cinematográfica.

“Eu achava muito mais interessante ver filmes do que andar de bicicleta, e daí pra frente essa obsessão por filmes me tornou até mesmo um colecionador, cheguei a ter mais de dois mil filmes. Foi puramente acidental, mágica. A bicicleta é uma associação de liberdade, e o cinema é uma associação de imaginação”, conta ele em entrevista à Brasileiros.

Com presença maciça da família, dos amigos e de admiradores, Guga lançou oficialmente o novo livro na última terça-feira, dia 12, em um evento fechado em São Paulo, cidade para onde veio aos 8 anos de idade e onde passou a maior parte de sua vida. Amigo pessoal de Guga, o publicitário Washington Olivetto foi uma das personalidades que compareceram ao evento, realizado em um restaurante na Vila Madalena.

“O Guga dirigiu meu primeiro filme que ganhou um leão de bronze em Cannes, quando eu ia fazer 19 anos de idade. Isso evidentemente me fez um grande admirador do Guga, e eu fico muito feliz com isso de que nos três últimos anos ele está tendo a coragem de transformar em livro tudo o que viveu na televisão e no cinema”, diz o Chairman da WMcCann.

Cinema sem complicação

O título do novo livro surgiu de forma natural para um cinéfilo que acostumou todos seus filhos a viverem com a magia do cinema e a desempenharem funções na área. Com depoimentos de cada um deles em seu prefácio, o livro traz viagens, contos e causos de Guga pelo trabalhoso e fascinante mundo da sétima arte.

De Orson Welles a Scorsese, de Paul Newman a Dustin Hoffmann, de Stuart Little a Harry Potter, o livro de Guga não tem preconceitos ou criticismos. Sem a pretensão de ser um guia analítico ou uma lista de clássicos, o livro traz histórias, curiosidades e indicações para quem quer se aprofundar no cinema e simplesmente se emocionar com a magia de seus frames.

“Essas indicações são para iniciantes, então preferi não colocar coisas mais complicadas. O cinema já é tão complicado, e eu o encaro como entretenimento”, explica Guga, que revela a intenção de lançar um livro por ano, boa parte deles sobre seu assunto favorito. “O cinema precisa passar emoção”, conclui.


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