Encerra, na Holanda, a TEFAF, onde tudo o que reluz é ouro

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Frans Post, grande pintor holandês, nascido no início do século XVII foi o primeiro pintor europeu a imortalizar maravilhosas paisagens da América. Em 1636, viajou ao Brasil e por aqui ficou até 1644. Seus quadros, encomendados pelo Frederick Henry, príncipe de Orange, constituem um dos mais belos e raros acervos iconográficos da história do Brasil. Algumas dessas obras podem ser apreciadas no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro.

Quatro séculos depois, a ARTE!Brasileiros, única revista brasileira especializada em artes plásticas, editada também em inglês e espanhol, foi convidada a participar da TEFAF – The European Fine Art Foundation, na Holanda, e teve a oportunidade de conferir obras inéditas disponibilizadas ao público como ‘West Indies Landscape’ (c.1545), uma raridade do pintor também holandês Jan Mostaert. Diferentemente de Frans Post, Mostaert nunca esteve na América, mas chegou a pintar uma obra quase onírica, em que aparecem misturados homens e mulheres nus, faunos e colonizadores. No imaginário do artista, alimentado pelos relatos da época na corte, estes personagens eram os habitantes do Novo México.

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Essa feira de arte e antiguidades é a mais respeitada do mundo por sua excelência e experiência.

Na cidade de Maastricht, colecionadores, diretores de museus, marchands e conhecedores da arte visitam, há 25 anos, as 260 galerias especializadas em antiguidades, antiguidades clássicas, design, haute joaillerie, manuscritos, modernos, pintura, papel e o
Showcase, um espaço de experimentação.

Essa abrangência, assim como o estrito comitê de fiscalização que admite os trabalhos e os “dealers” que representam o mercado de cada área, a coloca como única no setor.

O Vetting, como é denominado o conselho curatorial que seleciona as galerias e os trabalhos apresentados, confirma a legitimidade, estado e qualidade da obra. Esse sistema de habilitação da TEFAF envolve pelo menos 175 especialistas internacionais em 29 categorias diferentes que estudam cada obra de arte.

Segundo Graciela Prosperi, representante para América Latina na TEFAF: “Já aconteceu de vermos paredes vazias a poucas horas da abertura, pelo fato do Vetting ter advogado contra a legitimidade da obra que seria apresentada”.

Esta proposta parece ter convencido clientes e visitantes da feira ao longo do tempo. No dia da inauguração, cerca de 10 mil pessoas, entre homens e mulheres de 50 a 80 anos, vindos do mundo todo, se acotovelavam na entrada aguardando uma suave sirene que dava o sinal de abertura. Cada um se apressava para ver as exposições das galerias e fazer as reservas de obras cujos valores oscilaram entre 250 mil e 100 milhões de euros.

A TEFAF é uma oportunidade para que o público conheça desde peças inéditas dos antigos mestres e clássicos, esculturas egípcias de 2.000 a.C., broches do império russo, óleos de Velazques e Jan Lievens – discípulo do Rembrandt -, passando pelos modernos Picasso, Miró, Mattisse, Dubuffet e Giacometti até os contemporâneos consagrados como Lichtenstein, desenhos inéditos de Warhol e agora Jeff Kons e Demian Hirst.

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Todas essas obras foram exibidas na feira como se estivessem nas paredes ou nas salas de um museu, a diferença é que é na TEFAF que 220 museus do mundo inteiro adquirem e formam suas coleções de clássicos e modernos. Entre esses museus, pequenos como o Asian Civilisations Museum de Singapura, que adquiriu uma figura de cerâmica de uma lebre da dinastia Han (206 a.C. – 220 d.C.) na Ben Janssens Oriental Art; até os grandes como os nova-iorquinos Metropolitan Museum e Museum of Modern Art, o parisiense Louvre e o Hermitage, de St.Petersburg.

Lebre da dinastia Han

No primeiro dia, por exemplo, foram vendidas obras como o The Meeting of Odysseus and Nausicaa, um belíssimo quadro do pintor flamengo Jacob Jordaens (1593-1678), de 117.5 x 194 cm cujo preço base foi de 4,9 milhões de euros; até uma escultura de bronze assinada por August Rodin (1840-1917), The Helmet Maker’s Wife. A Patric Derom Gallery, de Bruxelas, vendeu Le Miroir invisible, guache em papel de 1942 de René Magritte. Daniel Katz, de Londres, vendeu uma escultura em mármore de Jean-Baptiste Carpeaux (1817-1875), assinada e datada de 1874, a um colecionador privado inglês. Um conhecido colecionador, Ronald Lauder, comprou o Homme au Chapeau, de 1964, um óleo sobre tela de Pablo Picasso (1881-1973).

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Na seção de antiguidades, o Rijksmuseum, de Amsterdã, que reabrirá suas portas em abril depois de dez anos de reformas, ganhou de um colecionador holandês um extraordinário vaso em prata que representa o deus Netuno domando as ondas e o triunfo de Galatea, feito para o Duque de Luynes, por Antoine Vechte, em 1843.

Jun-Ware pear-shaped bottle vase, 29.5 cm

Um pequeno vaso chinês do século X, que vale 1 milhão de euros, foi adquirido por um colecionador chinês na Littleton and Hennessy Asian Art de Londres. A constante presença chinesa na feira fez com que a TEFAF avançasse na perspectiva de lançar a TEFAF Beijing em 2014.

 

Persimmon-glazed Meiping, 25 cm


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