A Virada Cultural foi mais violenta?

O título do Corinthians ficou em segundo plano. O principal assunto nos jornais, telejornais e rádios de São Paulo nesta segunda-feira, dia 20, foi a violência na 9ª edição da Virada Cultural. Os números – uma morte violenta, três baleados e arrastões – formam um quadro realmente inaceitável para um evento público na cidade. E a grande mídia parece eufórica ao estampar nas manchetes – com destaque muito maior do que o dado em outros anos para a violência no evento -, que a primeira Virada da prefeitura de Fernando Haddad (PT) foi a mais violenta da história.

É bom lembrar que arrastões, assaltos etc. aconteceram em todos os anos da virada, infelizmente. Em 2007 o show dos Racionais terminou com brigas e conflitos, quando o público ainda era muito menor que o de hoje; em 2010 ocorreu a primeira morte violenta; em 2011 houve brigas entre gangues e dois supostos suicídios; em 2012, dois baleados e outra morte foi registrada. Em 2013, portanto, com o evento mais concentrado no centro (antes se espalhava por CEUS e outros bairro) e com mais de 4 milhões de frequentadores, os números de violência não parecem ter saído da média.

Dos seis jornalistas da Brasileiros que circularam pelas ruas do centro, apenas um relatou clima de tensão, durante show no Largo do Arouche. Os outros acompanharam diversas atividades no sábado e no domingo, inclusive durante a madrugada, e não testemunharam ocorrências violentas. Vale lembrar, também, que a Polícia Militar, principal responsável pela segurança do evento, é vinculada ao governo do Estado. Ao questionar esses aspectos, não se pretende aqui dizer que o evento foi totalmente pacífico (nem que não precise de mais segurança e conforto), mas sim levantar uma reflexão em meio ao uníssono da grande imprensa paulistana.

Estamos sim, em uma cidade que ainda sofre com a violência, e a Virada não acontece fora da nossa realidade. Dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo mostram que a cidade teve no primeiro trimestre deste ano aumento de 18% no número de homicídios dolosos em comparação ao mesmo período do ano anterior – entre outros números divulgados pelo órgão que mostram o crescimento da criminalidade na capital.

Shows

Alguns atrasos em shows atrapalharam a programação, mas foram exceções entre as mais de 900 atrações. O show dos Racionais MC`s, um dos destaques da virada deste ano – e talvez o show em que mais se esperava algum tipo de conflito entre público e policia –, transcorreu pacificamente, com direito a sermão de Mano Brown, que pedia para o público curtir o evento sem violência. O palco da Júlio Prestes ficou pequeno para a banda. A rua Mauá e Duque de Caxias, que davam acesso ao palco, estavam lotadas. Moradores de prédios vizinhos subiam nos terraços e varandas para acompanhar o show. O prefeito foi um dos milhares de rostos que assistiram ao show da banda de Rap no palco da Júlio Prestes.

A reportagem acompanhou também o show do baixista norte-americano Billy Cox, no sábado, algumas rodas de samba em diferentes espaços e os shows de Céu e Otto no palco 25 de Março. O pernambucano foi um dos destaques do evento, encerrando as atividades do domingo, com milhares de pessoas cantando e dançando ao som de seus maiores sucessos.


Comentários

3 respostas para “A Virada Cultural foi mais violenta?”

  1. Avatar de Sidônio Guimarães
    Sidônio Guimarães

    Violência na Virada Cultural

    As contas não fecham:

    Carnaval de Salvador = 2 milhões de pessoas = 20.000 policiais

    Virada Cultural = 4 milhões de pessoas = 3.000 policiais

    Salvador recebe reforços dos batalhões das cidades do interior do estado para realizar o carnaval.

    Moro em Salvador – Bahia, estava passando uns dias em Sampa e por coincidência era o fim de semana da Virada Cultural.

    Um excelente evento, muito boa sacada.

    Ocorre que desavisadamente fui seguindo o percurso do evento pelo centro e parei na República, São João, Ipiranga. Quando estava no Largo do Arouche, vi um bloco de 200 pessoas se movimentando e detonando todos que estavam a sua frente. Era um arrastão.

    Procuramos abrigo no pelotão de policiais que estavam próximos e eles simplesmente ignoraram o que acontecia e ficaram rindo da confusão.

    Soube depois nos jornais que havia morrido um rapaz na esquina que eu estava.

    Podia ser eu.

  2. foi um evendo maravilhoso……..shows lindos e emocionantes…….uma vibração muito boa…….o resto é irrelevante.

  3. Enquanto o povo morre nas ruas os políticos e seus capangas estão preocupados em saber se o do outro foi pior e em dizer que a imprensa é culpada por tudo.
    “Imagina na copa” e “Imagina a festa”

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