Protestos continuam

Foto Luiza Sigulem


Nesta terça-feira, dia 25, a cidade de São Paulo amanheceu com mais manifestações. Dessa vez, elas não tomaram as ruas do centro da capital, mas sim as da perifeira. O Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto e o Periferia Ativa se concentraram no largo do Campo Limpo, na zona sul. Segundo um dos coordenadores do Movimento Periferia Ativa, a manifestação lutava contra o alto custo de vida na região metropolitana, além de reivindicar transporte público 24 horas na zona sul e melhores condições de moradia.

Outro objetivo das manifestações na periferia era deixar claro, tanto para os políticos quanto para a grande mídia, que se a classe média acordou na Avenida Paulista há algumas semanas, segundo eles, “a população da perifeira nunca dormiu”. O movimento busca chamar atenção para a violência policial sofrida pelos moradores dos bairros mais pobres. O grupo não tinha um trajeto definido e durante a concentração no Campo Limpo houve a sugestão de marchar até o Palácio dos Bandeirantes, mas ela foi rapidamente descartada quando os manifestantes ficaram sabendo, através do carro de som que acompanhava o grupo, que os líderes do MTST estavam em uma audiência com o governador Geraldo Alckmin.

Outro grupo menor partiu da estação Guainazes da CPTM em direção à subprefeitura de Itaquera. Houve um princípio de tumulto quando os manifestantes marchavam pela Avenida José Pinheiro Borges, conhecida como Nova Radial, pois um motociclista tentou furar o bloqueio de segurança. A manifestação tomou parte da Avenida Jacu-Pêssego, uma das vias mais movimentadas da capital paulista.

Em Campinas, cerca de 2,5 mil pessoas participaram do terceiro dia de protestos contra o aumento da tarifa do ônibus na noite desta segunda-feira, dia 25. Mais uma vez, o protesto foi marcado por confrontos entre Guarda Municipal e Polícia Militar e manifestantes. Pelo menos seis pessoas foram detidas e duas tiveram ferimentos leves.

Rio de Janeiro
Na capital carioca a noite foi de mortes e prisões por conta do confronto entre policiais e criminosos após a manifestação em Bonsucesso, na zona norte do Rio, ter terminado com um arrastão na região do complexo de favelas da Maré. Ainda na noite de segunda, o sargento do Bope (Batalhão de Operações Especiais) Ednelson Jeronimo dos Santos Silva, 42, foi morto durante a troca de tiros. Cinco moradores da comunidade foram baleados – um deles, Aldo Santos da Silva, 41 anos, foi atingido na cabeça e morreu logo em seguida. Até agora foram 13 mortos e nove feridos.

O confronto começou quando um grupo se aproveitou da manifestação que reunia mais de 300 pessoas no bairro de Bonsucesso para assaltar motoristas e pedestres. Mulheres foram usadas como reféns pelos bandidos. Por volta das 20h30, quando um maior efetivo da PM chegou, um grupo de cerca de 50 suspeitos correu para o interior da comunidade. O tiroteio teve início com a chegada do Bope e durou duas horas. Segundo os moradores, os policiais atiraram a esmo após a morte do sargento do Bope e a operação teve uma série de violações de direitos por parte de policiais, como invasões de domicílios seguidas de depredações, saques e intimidação de moradores.

O Bope colocou 100 homens no Complexo da Maré na manhã desta terça-feira para tentar capturar os responsáveis pelas mortes, além dos cerca de 300 agentes do Batalhão de Choque, Batalhão de Ações com Cães e do 22º Batalhão de Polícia Militar. Os acessos à favela foram fechados, e os cerca de 400 policias, que contam com o auxílio de carros blindados e um helicóptero na operação, não tem prazo para deixar o local.      

Um grupo de moradores do Complexo da Maré fez uma manifestação contra a violência policial, na pista lateral da Avenida Brasil, sentido zona oeste, na altura da Favela Nova Holanda. Os manifestantes chegaram a deitar no chão da via expressa, mas foram dispersados pelos policiais com bombas de efeito moral.

Outras cidades
O Rio Grande do Sul também teve a noite do dia 24 marcada por protestos que terminaram em prisões. Ao todo 10 mil manifestantes ocuparam as ruas da capital e das cidades do interior gaúcho. Em Porto Alegre, a manifestação que começou pacífica teve saques e vandalismo – 103 pessoas foram detidas.

Já em Goiânia, um grupo de cerca de 200 manifestantes voltou a interditar a BR-251, em Cristalina, na região de divisa com o Distrito Federal na manhã desta terça-feira. No protesto de ontem, no mesmo local, duas mulheres morreram atropeladas por um motorista que furou o bloqueio de segurança feito por manifestantes. A principal reivindicação do grupo é a emancipação do distrito de Campos Lindos e melhorias na qualidade de vida no bairro de Marajó. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, o motorista responsável pelas duas mortes ainda não foi identificado.

Mais manifestações estão marcadas para esta semana. Nesta quarta, dia 26, a partir das 17h, acontecerá em São Paulo uma passeata contra o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, o pastor Marco Feliciano, com concentração na Praça do Ciclista, na Avenida Paulista. Na quinta-feira, 27, acontecerá um ato no Capão Redondo, a partir das 7h, por transporte gratuito, estatal e 24 horas, um hospital no Capão Redondo e garantia de moradia a todas as famílias do Córrego dos Freitas, além da extensão do Metrô até o Jardim Ângela. E na sexta-feira, partirá, às 17h, no vão do MASP, o ato pelo impeachment do governador Geraldo Alckmin.

 


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