Lirismo em dose dupla

“Cabeças”, Siron Franco, 1995, Acrílica sobre tela, 90,5 x 90,5 x 3,5 cm

 
Em cartaz na unidade Porto Alegre do Santander Cultural, a mostra Narrativas Poéticas – que seguirá, em agosto, para Brasília, no Museu Nacional da República, e, depois, para Belo Horizonte, no Museu Inimá de Paula – promove um feliz encontro entre a excelência lírica de alguns dos nossos maiores poetas e importantes obras de mais de 40 figuras centrais da arte moderna brasileira e, também, de artistas estrangeiros radicados no País.

Com curadoria geral de Helena Severo, a mostra foi concebida a partir de um recorte inédito da Coleção Santander Brasil. Esta é a primeira vez que o banco espanhol expõe parte de seu acervo para o grande público. Entre pinturas, desenhos, gravuras, serigrafias, xilogravuras e esculturas, a coletiva reúne 83 trabalhos de grandes artistas, como Carybé, Di Cavalcanti, Volpi, Cicero Dias, Siron Franco, Aldo Bonadei, Manabu Mabe, Iberê Camargo, Arcangelo Ianelli, Fayga Ostrower e Candido Portinari, entre outros. Aquisições recentes da produção contemporânea também foram incluídas na mostra, que apresenta obra, sem título, de Fernando Rappa (2009), e a pintura Howling For You, de Renata De Bonis (2012). 

Apesar de o título Narrativas Poéticas pressupor um diálogo entre os poemas e as obras de arte, a resolução dos curadores e poetas, Antonio Cicero e Eucanaã Ferraz, foi a de, eventualmente, estabelecer tal diálogo, mas também provocar divergência entre os signos narrativos, inerentes à pintura e aos poemas, de maneira que o público não seja cooptado a fazer interpretações objetivas e possa ter experiências de imersão individual ao visitar a exposição. E os estímulos para que essa viagem particular seja experimentada estão por todos os lados no belo projeto expográfico assinado por Marcelo Dantas e Suzane Queiroz. Inadvertidamente, o visitante se depara com galáxias de letras que orbitam no chão e, subitamente, compõem um poema; fragmentos de áudio, com os próprios autores narrando excertos de seus poemas, são executados em vários ambientes; nas paredes, projeções de versos fisgam olhares desavisados.

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Se a escolha das obras de arte, que teve cocuradoria de Franklin Espath Pedroso, reúne um time de notáveis artistas, a seleção de poemas, feita por Cicero e Ferraz, também preza por enaltecer nossos maiores poetas. Estão lá, entre outros, Guilherme de Almeida, Alphonsus de Guimaraens, Alice Ruiz, Álvares de Azevedo, Carlos Drummond de Andrade, Augusto dos Anjos, João Cabral de Melo Neto, Mário de Andrade, Paulo Leminski e Vinicius de Moraes, entre outros.

Na coletiva de imprensa que apresentou Narrativas Poéticas, Marcos Madureira, diretor-presidente do Santander Cultural, antecipou duas boas novas. Se o cronograma de reformas for respeitado, há chances de a coletiva encerrar a itinerância com a reabertura da unidade Recife do Santander Cultural, no início de 2014. Madureira não precisou datas, mas admitiu que o banco também pretende abrir uma unidade do Santander Cultural em São Paulo. Na capital paulistana, o banco tem um espaço expositivo na chamada Torre Santander, que fica no Complexo JK (na Avenida Juscelino Kubistcheck, 2041) e acolhe o projeto Convivendo com Arte. 

Até 28 de julho, a Torre Santander apresenta a mostra O Cotidiano na Arte. A coletiva tem curadoria de Rejane Cintrão e reúne 29 obras de artistas contemporâneos, como Adriana Varejão, Eduardo Srur, Flávia Junqueira, Lucia Koch, Regina Silveira e Lucas Bambozzi. Até março de 2014, 34 trabalhos expostos no projeto Conhecendo Artistas, marcam a parceria entre o Santander e o Jardim Miriam Arte Clube (JAMAC), coletivo de jovens artistas egressos da comunidade da zona sul de São Paulo, capitaneados pela artista plástica Mônica Nador.


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