“Que se devolva o dinheiro aos cofres públicos e que ele seja investido no metrô”

Para Alex Fernandes, diretor executivo do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, o suposto desvio de verbas do Metrô, denunciado em reportagens da revista IstoÉ, precisa ser investigado, os possíveis responsáveis presos, e o dinheiro desviado devolvido aos cofres públicos.

Amanhã, 14 de agosto, a entidade sindical sairá nas ruas de São Paulo, com o Movimento Passe Livre (MPL) – que deu início às manifestações de junho, na capital paulistana –, para exigir esclarecimentos. A manifestação terá início no Vale do Anhangabaú, no Centro, às 15 horas (saiba mais). Fernandes antecipou também, à reportagem de Brasileiros, que a categoria pretende fazer uma paralisação nacional, caso não seja aberto diálogo até 30 de agosto.


Brasileiros –
Aproximadamente, nas redes sociais, 10 mil pessoas já confirmaram presença no protesto dessa quarta-feira. O que vocês estão esperando?

Alex Fernandes – Nossa expectativa é reunir algo em torno de 5 mil a 10 mil pessoas nas ruas, de forma espontânea, pra protestar contra a corrupção. Pra nós, não se trata pura e simplesmente da questão do cartel, é a corrupção do governo do PSDB cometida nos metrôs e ferrovias em São Paulo. Nossa reivindicação emergencial é a prisão dos corruptos e dos corruptores e que o dinheiro dos cofres públicos do Estado seja devolvido

Brasileiros – E nas questões de melhoria dos serviços e das condições de trabalhos para os funcionários do metrô, quais são as reivindicações urgentes?
A.F. – Esse dinheiro desviado está hoje na ordem de 1 bilhão e 500 milhões de reais (segundo a reportagem de IstoÉ, foram R$ 425 milhões) . Se esse valor fosse investido no metrô, teríamos a tarifa mais barata em até R$ 0,50, aumentaríamos a malha ferroviária em uns 40, 50km, poderíamos aumentar o quadro de trabalhadores… Nossa reivindicação é, obviamente, que se devolva o dinheiro aos cofres públicos e que ele seja investido no metrô.

Brasileiros – Essa vai ser a primeira, de outras manifestações que virão com a mesma pauta?
A.F. – Com certeza! Nossa ideia é não deixar o gigante dormir, como a molecada anda dizendo por aí… A partir daí, organizar uma serie de manifestações, até obrigar as restituições, caçar mandatos, promover prisões… Enquanto isso não acontecer manteremos a militância na rua. Se não alcançarmos nenhum avanço nessas questões até 30 de agosto, os metroviários farão uma paralisação em protesto.

Brasileiros – Nacional?
A.F. – Acontecerão protestos no Brasil inteiro, depois de30 de agosto, se as reivindicações forem ignoradas.

 
Brasileiros – Vocês estão esperando repressão por parte da polícia, como aconteceu em alguns casos nos protestos de junho? 
A.F. – Sinceramente, conhecendo o Estado e a truculência da Polícia Militar de São Paulo, esperamos que haja algum tipo de repressão. Porém, nossa manifestação vai ser totalmente pacífica. Queremos protestar, mas não defendemos que haja quebra-quebra. Só não posso garantir que, se a polícia reprimir os trabalhadores, reunidos, eles não irão reagir.

Brasileiros – O apoio popular é necessário, lógico. Mas você não tem medo que a pauta se disperse com a maciça adesão, como aconteceu em alguns dos protestos de junho?

A.F. – Uma coisa nós temos certeza, tomaremos todo o cuidado do mundo para que oportunistas não queiram usar esse momento para se promoverem ou pautarem as eleições de 2014. O que pretendemos é fazer é lutar por todos, pois essa não é apenas a luta dos ferroviários e dos metroviários, mas de toda sociedade. Não permitiremos que oportunistas se embrenhem nas manifestações para se promoverem num futuro processo eleitoral. Esta será uma ação do sindicato, do Movimento Passe Livre (MPL) e da população.

Brasileiros – A próxima manifestação já tem data marcada?
A.F. – Ainda não… Mas amanhã mesmo, em conversa com o MPL, vamos fazer um balanço dessa primeira manifestação, ver se, de fato, não tem oportunistas envolvidas, se não tem gente infiltrada, se não tem P2 da PM (policiais à paisana) causando baderna… Enfim, teremos de analisar uma série de fatores e, se necessário, preparar um novo ato o mais rápido possível.


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