CHILE, 40 ANOS DEPOIS


Uma das imagens mais marcantes da terça-feira 11 de setembro de 1973 mostra o Palácio de La Moneda, sede do governo chileno, sob intenso bombardeio aéreo e terrestre. Era o começo da ditadura comandada pelo general Augusto Pinochet, que derrubou o governo socialista do presidente Salvador Allende, durou 17 anos, e tirou a vida de pelo menos 3.200 pessoas. Uma das vítimas foi o próprio Allende, que preferiu se matar no interior do La Moneda a render-se à truculência golpista.

Quarenta anos depois, a ex-presidente Michelle Bachelet e a ex-ministra Evelyn Matthei disputam a sucessão do atual presidente, Sebastián Piñera, em eleições marcadas para o dia 17 de novembro. Elas estão em campos opostos: Michelle à frente da aliança de centro-esquerda Nueva Mayoría, Evelyn como candidata da coalizão de direita Alianza. O curioso é que ambas foram muito próximas nos primeiros anos de vida.

Quando meninas, Michelle e Evelyn moraram em uma base militar em Antofagasta, no norte do Chile. Seus pais eram amigos. Anos mais tarde, escolhas políticas separaram as duas para sempre. Em 1970, quando Allende foi eleito presidente, o pai de Michelle, general Alberto Bachelet, apoiou o novo governo. Posição contrária foi tomada pelo pai de Evelyn, general Fernando Matthei.

Depois do golpe que derrubou o governo Allende, o general Bachelet foi preso e torturado. Morreu na cadeia, de ataque cardíaco. Logo em seguida, sua viúva, Ángela Jeria, e a filha, Michelle. também foram presas e torturadas. Libertadas após um ano, mãe e filha partiram para o exílio e só voltaram ao país em 1979. O pai de Evelyn, por sua vez, chegou a integrar a Junta Militar que comandou a ditadura chilena. Nos 40 anos do golpe, Michelle e Evelyn continuam em polos opostos.  


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