Fechado para visitas

O governo dos Estados Unidos está parcialmente fechado por falta de verba. O Congresso não chegou a um acordo de aprovação do financiamento dos gastos públicos. Os conservadores radicais do Partido Republicano, especialmente do grupo Tea Party, exigem o desmantelamento do plano de saúde nacional idealizado por Barak Obama e aprovado pelo Legislativo. 800.000 servidores públicos estão em licença não remunerada, e mais trabalhadores vão seguir o mesmo rumo. Além disso,  milhões de pessoas ficarão sem serviços dos quais dependem. Especialmente a população de baixa renda. Cupons de alimentação ( a cesta básica daqui), remédios, cheques da aposentadoria e outros benefícios federais já estão no limbo.

A situação, como se vê, é terrível. Mas qual é a imagem usada pelos veículos de comunicação para ilustrar essa notícia? Filas às portas de serviços sociais? Funcionários dispensados olhando ao aviso sobre sua licença?  Doentes sofrendo às portas de hospitais? Não, a foto que aparece na impressa nas primeiras páginas mostra um cartaz anunciando que a Estátua da Liberdade (um monumento federal) está fechada aos visitantes. Como diria Joel Santana: “Pode to be?”.

O governo da maior potência econômica do mundo fecha por falta de verba e a representação mais simbólica disso é a impossibilidade de fazer turismo. Isso, mesmo em se sabendo que a maioria dos visitantes da Miss Liberty se compõe de estrangeiros. Até recentemente essa gente sequer podia subir ao mirante no topo da estátua, que estava fechado por medida de segurança anti-terror. As televisões, que dependem de mais imagens jogaram também ao ter as placas avisando sobre o fechamento do Parque Nacional de Yellowstone, do Memorial à Lincoln, da Galeria Nacional, do Monumento aos soldados da II Guerra Mundial e outras atrações. A impressão que se têm é a de que o maior impacto provocado pelo imbróglio será sofrido pela indústria do turismo.

Imagino que a situação pode piorar. Multidões de chinêses, brasucas, chilenos, nativos do Tennessee, podem se revoltar e sair pelas ruas de Washington com artoches, saqueando, queimando imóveis e veículos, atirando pedras em vitrines e soldados da Guarda Nacional. Tudo porque não conseguem entrar na lojinha de souvenirs do Museu Smithsonian, ou vislumbrar a lápide com os nomes dos mortos na Guerra do Vietnã. Sabe-se lá do que são capazes esses turistas. Ainda bem que a Macy´s é empreendimento privado. Não fechará e dará consolo aos forasteiros nesse momento crítico da nação.


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