Sobre bodes, cabras e cabritos

O documentário Bode Rei, Cabra Rainha, de Helena Tassara, é bonito feito cabrito mamando, tem a criatividade poética de Ariano Suassuna e a tristeza de um bode agonizante. Helena, formada em ciências sociais e com doutorado e pós-doutorado em ciências da comunicação, na Universidade de São Paulo, além de dirigir, fez a pesquisa e escreveu o roteiro.

A câmera de Marcelo Rocha registrou belas imagens da caatinga, de cabritos, de cabras e de bodes. Imagens poéticas, engraçadas, tristes. Ariano Suassuna, entrevistado, conta de seu apego ao animal e da sociedade com o seu primo Manelito Dantas Vilar na criação de cabras. Eles têm quatro raças de caprinos, segundo Suassuna, em “obediência à sua visão cultural do Brasil”. Têm cabras pardas em homenagem aos indígenas, primeiros habitantes do Brasil. Brancas para lembrar os portugueses e pretas para lembrar os negros. E uma raça azul para lembrar os que vieram depois, italianos, alemães etc.
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No filme, o músico Zeca Baleiro lê textos de Suassuna e trechos de O último leitor, do escritor mexicano David Toscana, para pontuar as fortes imagens do sacrifício dos animais. “O bode morre como o homem, só que mais dignamente porque não pensa em seus planos de vida, projetos inconclusos, nem na mãe, nem nos filhos, nem numa mulher chamada Evangelina.” Mas o filme tem humor, está longe de ser melancólico. Para Virgílio Silva, o nordestino Zizio, “essa modernagem não sabe de nada, na época de minha mãe só se criava as crianças com leite de cabra”.

É um belo documentário e pode ser encomendado na produtora Superfilmes.


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