O protesto realizado por ativistas dos direitos dos animais que resultou no resgate de mais de cem cães da raça Beagle tem repercutido em diferentes canais e redes sociais. Na madrugada de sexta-feira (18), dezenas de pessoas, entre ativistas e manifestantes, invadiram o laboratório do Instituto Royal, em São Roque, após acreditarem que funcionários estavam prestes a remover os animais. Além dos beagles, coelhos e camundongos foram resgatados.
Segundo os manifestantes, a empresa realizava pesquisas e testes de medicamentos nos cães e desde 2012 está sendo investigada pelo Ministério Público devido a denúncias de maus-tratos. O Instituto Royal afirmou à imprensa que está de acordo com as normas e possui certificação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), mas nega qualquer espécie de maus-tratos. A empresa declarou o ato de ontem como um “ato de terrorismo” e afirmou que iria processar os ativistas por furto.
No entanto, a Anvisa, em nota oficial em seu site, afirmou que as regras para o uso de animais em pesquisa não são definidas por ela e não são objetos de fiscalização da Agência. O tema é tratado pelos comitês de éticas em pesquisa com animais, ligados ao Sistema de Comitês de Ética em Pesquisa. No âmbito da Anvisa não há exigência expressa para o uso de animais em testes, mas sim da apresentação de dados que comprovem a segurança dos diversos produtos registrados na Agência. A Anvisa também declara que firmou há dois anos uma cooperação com o Centro Brasileiro de Validação de Métodos Alternativos (Bracvam) para que sejam validados métodos alternativos que dispensem o uso de animais.
Fabio Chaves, fundador do portal sobre veganismo e direitos dos animais, o Vista-se, esteve no ato de ontem com o objetivo de cobrir os desdobramentos da manifestação. “Observamos gente chorando, todo mundo sujo, sentado no chão ou correndo com animais. A quantidade de pessoas que se dispôs a sair de casa de madrugada para o ato foi algo incrível também”.
A página “Adote um animal resgatado do Instituto Royal” foi criada na manhã desta sexta e já conta com mais de 200 mil seguidores. Entre as mensagens que a página recebe estão manifestações de apoio, de indignação e pedido de informações a respeito das adoções. No Twitter, a hashtag #InstitutoRoyal está entre os trendtopics de hoje.
Esta não é a primeira vez que se tem notícia sobre o uso de cães da mesma raça para testes laboratoriais. No ano passado, 50 cães foram resgatados de um criadouro na Itália que destinava-os para exames científicos. Beagles são cães dóceis e, segundo ativistas, possuem menor variação genética e, portanto, maior possibilidade de controle dos resultados.
Desde o dia 12 de outubro, sábado, alguns ativistas se encontravam na frente do portão do instituto, mas só resolveram invadir na madrugada de quinta, pois acreditaram que os funcionários iriam retirar os cães do local. Amanhã, sábado, dia 19, está marcado um grande ato em frente ao Instituto Royal, às 10h. Organizado no Facebook, o ato conta até agora com mais de 6 mil confirmações.
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