A morte de um amigo próximo de sua família deu início a uma série de desdobramentos para o jovem norte-americano Jack Andraka. Então com 13 anos de idade, Jack se perguntou por que o amigo – a quem ele considerava como um tio – tinha morrido precocemente devido a um câncer no pâncreas. E foi esse questionamento que o levou a construir um dispositivo que detecta a doença em sua fase inicial e tudo isso antes de ele completar 16 anos.
Em pesquisas na internet, Jack leu que 85% dos casos da doença são diagnosticados tardiamente, fase em que somente 2% dos pacientes têm chance de sobreviverem. Chocado, ele se perguntou: “por que somos tão ruins em descobrir o câncer de pâncreas?”. Indo mais a fundo, o garoto chegou a conclusão de que o teste usado nesses casos é de 60 anos atrás e que, além disso, o seu alto custo ($800) restringia até a comunidade médica. Ou seja, um médico deveria estar muito desconfiado para passar o teste para um paciente. Além disso, o teste tem uma alta probabilidade de imprecisão, já que deixa passar 30% dos casos.
Com essas informações em mente, o adolescente persistiu: “deve haver um jeito melhor”, conta ele na palestra que ministrou no TED. Mas até chegar ao resultado final, Jack encarou diversos obstáculos e teve de persistir.
Após estruturar todo seu método, Jack enviou um e-mail para 200 professores de universidades norte-americanas, onde solicitava um laboratório para poder desenvolver sua técnica. Na época ele pensou que seria bem-vindo por toda a comunidade cientista, pois afinal, estava perto de achar uma forma que levasse a cura do câncer do pâncreas – uma vez que, no estágio inicial, as chances de cura são próximas ao 100%. No entanto, 199 professores declinaram o pedido. Apenas um deles, na Universidade Johns Hopkins, deu abertura ao jovem – o que foi suficiente.
Além da persistência, da pouca idade e, claro, da inteligência do garoto, o mais incrível na busca de Jack Andraka foi a forma como ele conseguiu agregar informações que deram base a sua criação. A maioria delas veio de artigos científicos que ele encontrou através do Google e do Wikipedia. Cruzando essas informações, o jovem identificou possíveis 8.000 proteínas presentes em nosso sangue e depois de, exaustivamente, testar 4.000 delas, ele finalmente achou a mesothelina – proteína encontrada em pessoas que estão com o câncer no pâncreas.
O teste que Jack criou é rápido, eficiente, não-invasivo e extremamente barato – custa 3 centavos de dólar. Feito com um censor de papel, o teste leva apenas cinco minutos e parece ter uma precisão próxima a 100%. O teste deu a Andraka o prêmio Intel International Science Fair e algo imensurável – a potencialidade de salvar muitas vidas. Ele ainda acredita que o mesmo dispositvo tem potencial para ser usado nos testes de câncer de ovário e pulmão. E, ao trocar as proteínas, o mesmo teste poderia ser desenvolvido para identificar diferentes doenças como doenças coronárias e a Aids.
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