O dilema da esquizofrênica campanha do candidato tucano à Prefeitura de São Paulo começa com o nome: devemos chamá-lo de Geraldo ou de Alckmin? No programa eleitoral do PSDB, como na campanha presidencial de 2006, ele é o Geraldo. Na imprensa e nas ruas, ele continua sendo identificado como Alckmin.
Pode parecer um detalhe, mas se seus mentores políticos e marqueteiros não conseguem resolver nem o prosaico dilema do nome de guerra do candidato, como encontrar uma solução para outro muito mais complicado?
Afinal, ele é candidato da situação (o PSDB integra a aliança do governo municipal que elegeu José Serra prefeito e, Gilberto Kassab, do DEM, como vice) ou da oposição? O governador José Serra queria porque queria manter a aliança, apoiando agora Kassab para a reeleição, assegurando assim o apoio do DEM (ex-PFL) para a sua campanha presidencial em 2010.
Acontece que o ex-governador Geraldo Alckmin atropelou seus planos. Queria porque queria ser candidato à Prefeitura agora nas eleições de outubro.
Deu no que deu. Com o candidato tucano em queda livre nas pesquisas do Ibope e do Datafolha, assistindo à disparada de Marta e ao crescimento de Kassab, o pacto de não agressão entre os dois candidatos da situação já foi para o espaço.
O objetivo de Geraldo (ou de Alckmin?) agora, segundo leio nos jornais desta segunda-feira, é dinamitar a gestão Kassab. Mas, como, se a maioria dos secretários municipais é do PSDB, nomeados por Serra quando ele estava na cadeira de prefeito?
O pior de tudo é que, com a ajuda dos seus neo-aliados do PTB, entre eles o vice Campos Machado e o estadista Sérgio Mallandro, o próprio, o candidato tucano resolveu atacar exatamente a área que é a grande bandeira do seu correligionário Serra: a saúde”.
Serra até gravou mensagem de apoio para o programa de TV do Geraldo (ou de Alckmin?), mas em seguida viajou para o Japão, e não se teve mais notícia dele sobre qual, afinal, o candidato que tem seu apoio, já que Kassab também garante ter a preferência do governador.
Com a dúvida plantada no eleitorado do arraial demo-tucano, a petista Marta Suplicy, que há tempos deixou de ser Suplicy e é só Marta, do alto dos seus 41% nas pesquisas deu-se até ao luxo de tirar uma folga no domingo, sem fazer campanha, a menos de 40 dias das eleições.
Posso estar enganado, mas, depois de dar um nó em todo mundo, ao obter o apoio do PMDB de Orestes Quércia, que era desejado pelos outros candidatos, para Gilberto Kassab, agora José Serra corre o risco de sair como o grande perdedor na eleição de São Paulo, em qualquer hipótese.
Se for confirmada a vitória de Marta apontada pelas últimas pesquisas, a ala alckimista dos tucanos o culpará pela divisão do partido e certamente não se animará a fazer muitos esforços para eleger Serra presidente em 2010.
Se Alckmin virar o jogo e ganhar a eleição, vai ganhar força no partido e se tornar um concorrente do próprio Serra, já que está fechado com Aécio Neves, que o apóia em São Paulo, para a disputa presidencial.
E, se por acaso ganhar Kassab, da mesma forma, os seguidores de Alckmin vão responsabilizar Serra por mais uma derrota do candidato tucano, como já aconteceu nas eleições de 2006.
Fica difícil neste momento dizer quem se encontra numa encalacrada maior: se o ex-governador Geraldo (ou Alckmin?) ou o atual governador José Serra (quem ele vai apoiar na volta do Japão?), que miraram em 2010 e agora correm o risco de atolarem juntos em 2008.
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