O George do Floyd

Richard Wright sempre foi o mais discreto do Pink Floyd. Apesar de ter sido um dos fundadores do grupo, o tecladista manteve-se em terceiro plano. Muitas vezes até em último plano, atrás do irreverente baterista Nick Mason.
[nggallery id=14736]

No início, a liderança tresloucada de Syd Barret. Depois, uma disputa velada entre Roger Waters e David Gilmour. Mais Waters do que Gilmour. O polêmico baixista e vocalista até expulsou Wright das gravações de “The Wall”, o álbum que Waters usou para autobiografia musical.

Internamente, o Pink Floyd funcionava com maior liberdade do que uma de suas maiores referências, os Beatles. Wright tinha espaço para mostrar suas idéias, muito mais do que George Harrison teve no Fab Four.

Mas, era o terceiro da turma, como George. Porém, também como George, teve seus momentos.

Apesar do aparente papel de coadjuvante, ele foi imprescindível talvez no momento mais brilhante da banda inglesa. No livro “The Dark Side of the Moon – os bastidores da obra-prima do Pink Floyd” (Jorge Zahar Editora), o jornalista inglês John Harris revela a importância que Wright teve para a composição e produção do álbum mais importante da banda. Harris diz que o tecladista muitas vezes funcionou como o contraponto entre as opiniões de Waters e Gilmour.

Ele mediou o conflito de egos entre os líderes e foi fundamental para “The Dark Side of the Moon” e para a história do Pink Floyd. Fundamental para o bom e velho Rock and Roll.

E, no mesmo dia do lançamento de “Wish You Were Here”, em 1975, outro álbum histórico do Pink Floyd, Richard Wright se despede, aos 65 anos, depois de lutar contra um câncer.

Provavelmente, hoje à noite vai ter uma Jam dele com o terceiro da turma dos Beatles.

The great gig in the sky!*

*Canção do “The Dark Side of the Moon”, composta por Richard Wright e Clare Torry, que também faz os estrondosos e transcendentais vocais. Na tradução livre para o português: O grande concerto no céu

Atualização: Em seu site oficial, o guitarrista David Gilmour prestou homenagem ao “amigo e parceiro musical”. No curto texto, em que fala da importância de Wright para o Pink Floyd, Gilmour diz que o tecladista muitas vezes não teve o devido destaque dentro e fora da banda.

“Afinal, o que seria de “The Dark Side of the Moon” sem “Us and Them” e “The Great Gig In The Sky”, que ele escreveu? Sem o seu toque refinado, o álbum “Wish You Were Here” não teria funcionado também”, relembra Gilmour.

Veja o texto em www.davidgilmour.com


Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.