De 2008 a 2010: postes, penas voando, Ipea, pesquisas

São tantos assuntos hoje no noticiário Vou tentar passar a régua no variado cardápio dos jornais, até porque está tudo espalhado em diferentes páginas, mas há um fio condutor entre eles, ligando os fatos de 2008 a 2010.

Tivemos ontem a divulgação simultânea de duas importantes pesquisas que nos permitem entender um pouco o quadro político brasileiro a poucos dias da eleições municipal deste ano e sua relação com a sucessão presidencial daqui a dois anos.

Segundo o Ipea, 14 milhões de brasileiros subiram de faixa social no Brasil, 3,6 milhões dos quais passaram da classe intermediária para a classe mais alta. Ou seja, estão vivendo melhor.

Segundo a pesquisa CNT/Sensus, o presidente Lula bateu novos recordes de aprovação, beirando agora os 70% de ótimo e bom. Restaram apenas 6,8% de brasileiros que deram uma valiação negativa para o governo.

É claro que uma pesquisa está diretamente relacionada a outra, deixando sem discurso o cada vez menor contingente de opositores _ quanto menor, mais raivoso e barulhento, como se pode notar em suas colunas, blogs e nos comentários de seus leitores.

Para camuflar estes números, pegaram um apêndice da pesquisa CNT/Sensus que reitera o já conhecido favoritismo do governador José Serra nas eleições de 2010, e repetiram nas manchetes mais ou menos o slogan da campanha de Geraldo Alckmin em São Paulo: Lula, tudo bem, mas o PT, sem chances.

É algo tão extemporâneo fazer previsões sobre uma eleição marcada para para daqui a dois anos, que basta pegar as pesquisas feitas semanas antes da atual campanha municipal para mostrar a forçação de barra destas manchetes e as consequentes análises dos analistas e cientistas políticos de plantão.

Vamos pegar o caso dos três postes que estão praticamente eleitos já no primeiro turno em três grandes cidades: Eduardo Paes, o candidato de Sergio Cabral, no Rio; Márcio Lacerda, o candidato de Lula, Aécio e Fernando Pimentel, em Belo Horizonte, e João Costa, o candidato de Lula, Eduardo Campos e João Paulo, no Recife.

Em pouco mais de um mês de campanha, eles saíram da rabeira das pesquisas para o topo apenas com a divulgação dos seus apoiadores nos programas de rádio e televisão. Os candidatos antes favoritos já foram solenemente para o espaço.

Quem é que pode hoje prever como estarão o Brasil e o mundo em 2010, se é que haverá Brasil e mundo após o apocalipse financeiro do sistema bancário americano?

Enquanto isso, as penas continuam voando no arraial tucano em São Paulo, com kassabistas e geraldistas a cada dia mais assanhados para destruir o inimigo interno a qualquer custo, deixando Marta, do PT, navegar em mar sereno rumo ao segundo turno.

Qualquer que seja o desfecho desta refrega entre Kassab e Alckmin, certamente haverá seqüelas para a aliança demo-tucana desenhada para 2010, tornando ainda mais imprevisível o cenário político da sucessão presidencial.

Por isso, qualquer previsão para o que pode acontecer depois das eleições de 5 de outubro fica hoje entre o desejo e a lorota.

O fato concreto fica por conta do título destacado pela “Folha” em sua página A10 desta terça-feira: “44% votariam em candidato indicado por Lula, diz Sensus”.

Em 2010, acho que nem Deus ainda sabe o que pode acontecer.


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