Vida paulistana: no meio do dia, uma pausa para Laura

A vida não é só notícia. Convencido disso, larguei o computador, almocei correndo e fui pegar minha neta mais velha, a Laurinha, para levá-la ao curso de natação, coisa que não fazia há tempos. Não tem programa melhor.

A farra começa na van que leva dez crianças da escolinha infantil até a piscina. Os pais vão junto, quer dizer, só as mães. É estranho isso ainda acontecer numa época em que as mulheres também trabalham fora e já estão dominando o mercado de trabalho em várias áreas, mas ainda são elas que levam os filhos para lá e para cá.

O único pai que sempre encontro na van é o Oscar Motta Mello, assessor de imprensa especializado em meio ambiente, que também trabalha em casa por conta própria como eu. Conversando na beira da piscina aquela conversa boa sem pressa nem interesse, chamou-nos a atenção o fato de só mães levarem os filhos para aprender a nadar _ e, certamente, para todos os outros cursos que eles frequentam.

Por que será? Se elas também trabalham, por que só as mulheres devem se encarregar dessa tarefa?

Para falar bem a verdade, aqui em casa sempre foi assim também. Minha mulher sempre trabalhou, e foi ela quem criou praticamente nossas meninas, porque eu estava sempre viajando ou ocupado com coisas ditas mais importantes.

Hoje tenho consciência disso, lamento ter sido um pai ausente. Pode haver alguma coisa mais importante do que acompanhar o crescimento e o aprendizado dos filhos?

Com os netos está sendo diferente. Vejo os três quase todos os dias, aprendendo a andar, a falar, a pular, a cantar, a brigar, a nadar, a dançar, a ter amigos e vontades. Laurinha, que tem cinco anos, filha da minha filha mais velha, já sabe ler e escrever. Outro dia me mostrou que já sabe contar até cem _ em inglês _ , coisa que até hoje não aprendi.

Até hoje também não aprendi a nadar, mas ela já domina todas as modalidades. Tem estilo, faz tudo direitinho. Vendo Laurinha na piscina, reparei como ela deu uma espichada, já está uma mini-mocinha.

Todo mundo fala que ela parece uma princesa, a menina mais bonita da paróquia. E o melhor é que é mesmo (aqui no “Balaio”, ao contrário do blog e do Nenhenhem do Moreno no “O Globo”, não tem esse negócio de isenção, coisa mais antiga).

Cumprida a doce tarefa de ser avô, cá estou de volta ao computador. O sol deu as caras hoje em São Paulo, e é muito bom poder andar um pouco pelas ruas da cidade para ver como é a vida lá fora, longe das notícias do dia, da bolsa que caiu, do dólar que subiu e de todas estas coisas tão importantes que a gente não vai lembrar daqui a dez anos.

Mas esse passeio com a Laurinha, no meio do dia de uma segunda-feira, com certeza eu não vou esquecer.


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