Eleições 2008: na reta final, as últimas definições

Aos leitores

Antes de escrever a próxima nota sobre a campanha eleitoral, devo prestar alguns esclarecimentos aos leitores para evitar confusões nesta reta final da campanha, em que os ânimos ficam muito exaltados:

* Percebi em grande parte da enxurrada de comentários postados ontem e nesta madrugada que muitos leitores ainda não conseguem distinguir o que é opinião do autor deste “Balaio” daquilo que é opinião das pessoas aqui entrevistadas.

* A minha avaliação do quadro eleitoral está no primeiro post de ontem (Marta/Lula contra Kassab/Serra) em que faço uma projeção para o segundo turno em são Paulo.

* No segundo post, publicado à tarde, relato uma longa conversa com o presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, durante um almoço com a equipe do iG , em que ele faz, como ficou bem claro no texto, a sua avaliação pessoal sobre o cenário eleitoral de 2008 e 2010.

* Posso concordar ou não com as suas opiniões, mas são opiniões dele e não cabe ao repórter ficar batendo boca com o entrevistado. Já tenho muito espaço aqui para escrever o que eu penso.

* Repórter não briga com a notícia. E, neste caso, tratava-se de uma entrevista exclusiva com o presidente do maior e mais antigo instituto de pesquisas da América Latina. A cinco dias das eleições, qual repórter não gostaria de publicar as opiniões de Montenegro?

* Os leitores não têm o direito de saber a opinião dele, não gostariam de saber neste momento o que pensa o homem do Ibope? Entrevista é entrevista, reportagem é reportagem, comentário é comentário.

* Talvez eu seja o único blogueiro da praça que não esconde seu voto e suas preferências. Já escrevi aqui que apoio Marta Suplicy, do PT, em São Paulo, mas, como meu título é do interior, vou votar em Dito Machado, do PSDB, em Porangaba. Assim como, se fosse gaúcho, votaria em Manuela D´Ávila, do PC do B, em Porto Alegre.

* E daí? Isso muda alguma coisa na ordem dos fatos que devo relatar aqui como repórter? Como dizia aquele grande filósofo Juarez Soares, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

Vamos aos fatos do dia.

Na reta final, as últimas definições

De vez em quando, a gente acerta. Fiquei bem satisfeito ao pegar o jornal hoje de manhã e constatar que os textos aqui postados, desde a estréia do “Balaio”, há três semanas, e nas minhas colunas no Último Segundo, estão se confirmando nesta reta final da campanha como mostram os últimos números do Datafolha.

Não precisava ser um grande sábio nem pitonisa para prever que os prefeitos candidatos à reeleição bem avaliados em suas administrações estariam no segundo turno nas principais capitais.

É o caso de Gilberto Kassab, do DEM, em São Paulo, que agora abre 8 pontos de vantagem sobre o tucano Geraldo Alckmin, e já está 5 pontos à frente de Marta Suplicy, do PT, nas projeções para o segundo turno _ um cenário que antecipei no “Balaio” de ontem de manhã.

Da mesma forma, em Salvador, o prefeito João Henrique, do PMDB, passou um ponto à frente de ACM Neto, do DEM, que liderava as pesquisas desde o início da campanha. Agora, com diferença mínima entre os três primeiros colocados, o mais provável é que ACM Neto, com 41% de índice de rejeição (mais do que Maluf!), fique de fora, e o segundo turno será disputado entre João Henrique e Walter Pinheiro, do PT.

Em Porto Alegre, o prefeito José Fogaça, do PMDB, com 35%, mantém boa folga sobre as suas duas principais concorrentes, Maria do Rosário, do PT, que tem 20%, e a Manuela D´Ávila, um ponto atrás dela. A única certeza em Porto Alegre é que Fogaça enfrentará uma mulher no segundo turno

Nas capitais onde não podem ser candidatos à reeleição, prefeitos bem avaliados vão fazer seus sucessores, provavelmente ainda no primeiro turno: João Paulo, do PT, elege João da Costa, no Recife, e Fernando Pimentel, do PT, vai deixar Mácio Lacerda no seu lugar, com o valente apoio do governador tucano Aécio Neves.

Esta característica da atual campanha foi justificada por Carlos Augusto Montenegro, o polêmico presidente do Ibope, pelo “momento mágico que o país está vivendo” no atual estágio do governo Lula, que chegou esta semana aos 80% de aprovação positiva na ésquisa CNI/Ibope.

A maioria das previsões sobre a eleição de domingo feitas ontem por Montenegro ao iG foram confirmadas pelas pesquisas do Datafolha publicadas hoje no jornal, como os próprios leitores poderão constatar.

A exceção fica por conta do Rio de Janeiro, a única grande capital do país onde o atual prefeito, Cesar Maia, do DEM, não tem a menor chance de eleger seu sucessor (a candidata dele, Solange Amaral, disputa com os nanicos).

O Ibope vinha apontando há várias semanas uma polarização entre Eduardo Paes, do PMDB, e o bispo Marcelo Crivella, do PR, mas na reta final é Fernando Gabeira, do PV tucano, quem mostra agora mais chances de ir para o segundo turno, como o Datafolha já tinha detectado na pesquisa anterior.

Quanto às projeções de Montenegro para 2010, cravando o nome do governador José Serra como o mais provável sucessor de Lula, também acho, como já escrevi aqui antes, e pensa a maioria dos leitores deste “Balaio”, que é muito cedo para fazer qualquer previsão.

Vamos primeiro ver o que vai dar domingo. Depois, teremos as emoções do segundo turno e, lá para o começo do ano que vem, quando o quadro sucessório começar a se definir, é que teremos uma visão mais clara do cenário.

A propósito, a veterana pesquisadora Mara Kotscho, que montou e dirigiu o Datafolha nos anos 80, e vem a ser minha mulher, me alertou, a exemplo de dezenas de leitores, para o fator Aécio Neves, que ficou de fora da análise de Montenegro.

Para onde caminhará Aécio? Enquanto ele mesmo não responder a esta pergunta, qualquer prognóstico para a sucessão presidencial de 2010 será temerária.


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