PORANGABA(SP) – À medida em que o tempo passa e se aproxima o dia da eleição, mais bandeiras azuis vão aparecendo pelas ruas e nos telhados das casas. Pois é, isso quer dizer que pode dar zebra nas eleições de amanhã em Porangaba, a 160 quilômertros de São Paulo, porque azul é a cor de uma exótica aliança informal do PT, que não tem candidato a prefeito, com o DEM, a nova marca de fantasia do PFL, principal opositor do governo Lula em Brasília.
A exemplo do que aconteceu em Belo Horizonte, onde se formou um concubinato entre petistas e tucanos para apoiar o candidato do PSB, a convenção do PT decidiu por maioria de 60% dos membros do diretório municipal apoiar para prefeito Luiz do Deraldo, do DEM, na disputa contra o prefeito tucano Dito Machado e o ex-prefeito João Francisco, que era seu aliado no PSDB, mas rompeu com ele para se candidatar pelo PMDB.
Até o início da campanha, tudo parecia indicar uma feroz disputa limitada aos antigos aliados Dito e João, mais ou menos como Kassab e Alckmin em São Paulo, mas a mixórdia partidária destas eleições pode provocar uma grande surpresa com o crescimento da terceira via DEM-PT nas últimas horas.
Na falta de pesquisas confiáveis, vale o que a gente ouve nos botecos, no açougue, no posto de gasolina: a eleição está parelha, como se costuma dizer por aqui, e agora qualquer um dos três candidatos pode ganhar, a exemplo do que acontece com João Henrique, do PMDB, Walter Pinheiro, do PT, e ACM Neto, do DEM, a disputa mais emocionante desta campanha nas grandes capitais.
Todo mundo lembra que não nasce uma criança em Porangaba há 12 anos e, por isso, a principal promessa dos três candidatos é ressuscitar a Santa Casa, hoje prestando serviços apenas de ambulatório, sem condições de fazer internações, cirurgias e partos. Já virou rotina na cidade: aos primeiros sinais, as grávidas são levadas de ambulância para hospitais das cidades vizinhas.
Como não há mais fronteiras partidárias nem diferenças programáticas, os apoiadores de cada candidato limitam-se a falar mal dos outros dois. Rojões voltaram a pipocar na cidade, como acontece em todas as vésperas eleições, mas ainda não se ouviram tiros. Em Porangaba, como na maioria das outras cidades do país, não foram necessárias tropas federais para o ritual do voto que já faz parte da nossa jovem democracia.
Na “Folha da Cidade”, o jornal quinzenal de Porangaba, que circulou dia 30 de setembro, não há notícias sobre a campanha, apenas anúncios de candidatos e um editorial, que termina assim:
“O atual momento nos faz lembrar o mais breve discurso proferido por um grande porangabense que ficou anos sem vir a Porangaba e, depois de muita insistência, compareceu num jogo de futebol realizado no Estádio Municipal Agostinho Angelini.
Convidado a manifestar o seu sentimento no reencontro com sua querida terra, encheu os pulmões, titubeou e, em alto e bom som, disse apenas: “Palavras são palavras, nada mais que palavras, tenho dito”.
As palavras soltas ao vento nos dias de hoje parecem ter o mesmo sentido. Agora só nos resta esperar a decisão do povo.
“Alea jacta est!” A sorte está lançada!”
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