Em busca da verdade

Foto: Caroline Rossasi/ UNIPAMPA
Oito membros da família foram sepultados no mesmo túmulo em que João Goulart. Foto: Caroline Rossasi/ UNIPAMPA

Na manhã desta quarta-feira (13), o cemitério Jardim da Paz da pequena cidade do Rio Grande do Sul, São Borja, se tornou cenário de um momento histórico. Quase 37 anos após a morte de João Goulart, a Polícia Federal e peritos estrangeiros começaram hoje a exumação dos restos mortais do ex-presidente, morto em exílio na Argentina.

A exumação dá início a uma busca incansável que a família de Goulart trava desde a sua morte. Parentes e amigos próximos sustentam a tese de que sua morte não foi devido a causas naturais, como autoridades do regime militar declararam na ocasião e sim causada pela substituição de medicamentos rotineiros de Goulart, feita por agentes da repressão uruguaia.

Investigações conduzidas pela Comissão Nacional da Verdade indicam que o ex-presidente foi uma das vítimas da Operação Condor, montada pelas ditaduras militares do Brasil, da Argentina e do Uruguai para perseguir opositores.

A ministra Maria do Rosário, da Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República, o ministro da Justiça, José Cardozo e o governador Tarso Genro acompanharam o procedimento nesta manhã. Na chegada ao cemitério, Rosário afirmou à imprensa que o pedido de exumação não é um ato político e sim uma questão de valorizar a democracia atendendo a todas as vítimas da ditadura, independente quem sejam.

No início de outubro, a ministra declarou em entrevista coletiva que não restavam dúvidas de que o ex-presidente foi perseguido por agentes da ditadura militar, antes e depois do exílio.

Por volta das 7h desta manhã, os quatro peritos brasileiros da Polícia Federal, além de especialistas do Uruguai, da Argentina e do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) chegaram para o processo de exumação. Uma área isolada com estrutura metálica e lonas foi montada dentro do cemitério para que os peritos realizem o trabalho com total segurança.

Segundo o perito que coordena a exumação, Amaury de Souza Júnior, a retirada dos restos mortais não tem hora para acabar. Para ele, o tempo de trabalho depende das condições em que se encontram o caixão e os restos mortais de Goulart. Mas há condições de apresentar respostas acerca da morte do ex-presidente.

Após a conclusão do procedimento, os restos mortais de Goulart serão levados pela Força Aérea Brasileira até Brasília, previsto para chegar por volta das 10h de quinta-feira (14) à capital federal, onde será recebido com honras de chefe de Estado. De acordo com a Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República, a presidente Dilma Rousseff confirmou sua presença na solenidade.

 


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