Os sons de Juazeiro

Efigênia Ramos Rolim (Curitiba)“Recicladora” do mundo, faz poesia 24 horas por dia, edita livros e constrói bonecas, bichos e objetos com papel de bala. Suas idéia inspiraram a cenografia da minissérie da Globo, Hoje é Dia de Maria. A atriz Letícia Sabatella já usou trajes de Efigênia. Mineira, migrou para o Paraná em 1964 e perdeu tudo devido à geada. 80 anos.OUÇA: Aí eu vi aquele povo queimando vela,e Ele disse “minha filha, eles queimam velas, mas não fazem nada para a vida melhorar”.Aí eu falei, eu não posso queimar vela, porque eu não tenho dinheiro,e Ele “mas você já é o fogo”.E eu, mas um fogo apagado desse, um borrão de cigarro?E Ele “pois é com borrão de cigarro que pega fogo na floresta. Ninguém acende um (far?) de fogo e põe na floresta. Se soprar…”e eu disse, então sopra, sopra.Ele deu aquele sopro e disse “vai filha, vai”.E eu disse, a raposa tem as suas tocas, os pássaros têm seus ninhos, eu não tenho onde encostar minha cabeça. Aqui estou sem casa, com os filhos, o marido enfermo…E Jesus falou assim “eu não deixarei você órfã, ficarei com você até a consumição de seus dias”E ela conclui – eu não escuto vozes externas, porque se escutasse era louca.


Jota Rodrigues (Rio de Janeiro)Cordelista, começou aos cinco anos quando foi guia de cego cantador, com quem aprendeu a ser cordelista. Pernambucano, mora no Rio desde 1949, onde chegou como chofer de pau-de-arara. Autor de 600 obras, palestrante, entendido em medicina popular, como muitos outros mestres, viajou de avião pela primeira vez na vida. 74 anos.OUÇA:


Catira + MoçambiqueEdson Alves Fontes, ligado aos grupos Os Favoritos da Catira e Os Mensageiros dos Santos Reis, de Guarulhos, herdou do pai, natural da região de Ribeirão Preto (SP), o gosto pela catira. Aqui canta com Silvio Antonio de Oliveira, natural de Cruzeiro, residente em Mogi, cidades do Estado de São Paulo, mestre, também inspirado pelo pai, da Companhia de Moçambique São Benedito, que ensaia no bairro da Pompéia, capital.OUÇA:


Marcio Risonho – Pirapora do Bom Jesus – mestre do Grupo Folclórico Vovô da Serra JapiOUÇA: As tardes foram ocupadas pelos seminários realizados no Memorial Padre Cícero, situado em Juazeiro, em frente à igreja da Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em cujo pátio aconteciam shows à noite, em dois palcos.OUÇA: Os participantes do evento tinham como opção as terreiradas noturnas realizadas a convite dos mestres. No primeiro dia fomos recebidos no Reisado do Mestre Aldenir, no Crato.OUÇA: No dia seguinte pela Ordem de Penitentes do Sítio Cabeceiras de Barbalha com Mestre Joaquim Mulato, em Barbalha; e finalmente na Lapinha de Mestra Dona Tatai, de Juazeiro, e finalmente na Lapinha de Mestra Dona Tatai, de Juazeiro.OUÇA:


A cidade de mais de 250 mil habitantes – número que triplica nos principais festejos – Festa de Nossa Senhora das Candeias (1 e 2 de fevereiro); Semana do Padre Cícero (20 a 24 de março); Romaria de Nossa Senhora das Dores (13 a 15 de setembro); Dia do Romeiro (1 de novembro) e Dia de Finados (2 de novembro) – absorveu simpaticamente o “povo da cultura popular”, que se esbaldou nas ruas de comércio.Principal entreposto comercial da região do Cariri cearense e pernambucano, Juazeiro tem centenas delas, pontuadas por orelhões com a bengala e o chapéu do Padim Ciço, sob um calor acachapante combatido com refrigerante de caju, que bate de longe as colas em vendagem, ou saboreando-se picolés encontrados em carrinhos equipados com alto-falantes. Na certa para economizar a garganta dos vendedores. Já pensou em levar uma dessas na orelha?OUÇA: LEIA: Conexão JuazeiroLEIA MAIS NA EDIÇÃO IMPRESSA DA BRASILEIROS!


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