Taxa Selic pode voltar hoje ao patamar de 10% ao ano

A taxa básica de juros, a Selic, pode hoje (27) voltar à casa dos dois dígitos e assim registrar o maior patamar desde janeiro de 2012, quando foi definida em 10,5% ao ano. A previsão de analistas de instituições financeiras consultadas pelo Banco Central é que hoje a Selic passe dos atuais 9,5% para 10% ao ano. O resultado da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, marcada para hoje à tarde, deve ser divulgado no início da noite.
 
Com a alta da inflação, neste ano, o Copom iniciou em abril o ciclo de alta da Selic. Naquele mês, a taxa básica passou de 7,25% ao ano para 7,50% ao ano. A partir da reunião de maio, o ajuste passou a ser maior, de 0,5 ponto percentual. Até agora, foram quatro ajustes de 0,5 ponto percentual.

No ano passado, a atuação do comitê era diferente. O Copom deu continuidade ao processo de cortes na Selic, iniciado em agosto de 2011, quando a taxa caiou 0,5 ponto percentual em 12% ao ano. O Copom fez vários cortes na Selic e a Selic fechou 2012 em 7,25% ao ano, o nível mais baixo da história do Copom, criado em junho de 1996.

Em outubro do ano passado, quando fez o último corte desse ciclo, a maioria dos membros do Copom entendia que ainda era preciso reduzir a Selic, e assim, estimular a economia, que sofria efeitos da crise econômica internacional. Na época, o Copom avaliou que “restavam incertezas quanto à velocidade de recuperação da atividade, em grande parte, em decorrência das perspectivas de que o período de fragilidade da economia global seja mais prolongado do que se antecipava, com repercussões desinflacionárias sobre a economia doméstica”,

Já em 2013, o Copom avaliou que precisava conter a inflação e assegurar a tendência de declínio dos preços para o próximo ano. E assim, iniciou-se o ciclo de alta.

A Selic é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia. Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida e isso gera reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Ao reduzir os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas alivia o controle sobre a inflação.

O BC tem que encontrar equilíbrio ao tomar essas decisões e assim fazer com que a inflação fique dentro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional. A meta tem como centro 4,5% e esse é o objetivo principal do BC, mas há uma margem de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Ou seja, para que o limite não seja ultrapassado, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), escolhido para a meta, tem que fechar o ano em, no máximo, 6,5%.

No ano passado, o IPCA ficou em 5,84%. Para 2013, a expectativa de instituições financeiras consultadas pelo BC é que o índice fique um pouco abaixo desse patamar: 5,82%.  

Para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a inflação está controlada e “bem-comportada”. O ministro também acredita que a inflação fechará 2013 em patamar semelhante ao do ano passado, com perspectiva de resultado melhor em 2014, se não houver aumento de preços dos alimentos provocado por problemas climáticos.


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