Você acredita no Brasil?

“Eu acredito, sim, no Brasil, mas acima de tudo na brasileira, no seu gingado, na malemolência, no rebolado, no jeito quentinho e molhado de me dar prazer. Mulher fruto da terra, irmã dos seios abençoados da pátria mãe gentil”
Rafael Cortez, repórter do programa CQC, da TV Bandeirantes

“Não tenho a resposta. Tenho várias perguntas. Onde queremos chegar? Qual nosso modelo desociedade? Uma Suécia? Há um custo para se chegar lá? Você está disposto a pagar? A distribuir o que tem, em excesso, é claro? O povo brasileiro é igual a todos os outros. Dadas as mesmas condições e circunstâncias cometeríamos as mesmas barbaridades. Basta ver a mídia para concluir que o homem continua um ser estúpido e egoísta apesar de todo o desenvolvimento tecnológico que alcançou. Somos selvagens, no maul sentido. Daí que o Brasil não é pior nem melhor do que os outros países. Aqui tem coisas incrivelmente boas, mas também péssimas. Aqui não presta. Mas, você quer ser enterrado onde?”
Eurico Cabral de Oliveira, professor de botânica e canoeiro

“Tenho um adesivo no meu carro: ‘Eu acredito em palhaços!’ Então, por que não acreditar no Brasil? Acreditar é quase sinônimo de fé. E ter fé nos remete ao aspecto religioso do termo. Ateu, não sou contra as religiões, porém não aceito a manipulação da fé alheia. Sobre o Brasil, penso o mesmo. Sou contra os que manipulam a riqueza cultural de um povo para bradar um falso orgulho que pode nos cegar politicamente. A mídia e os donos do poder econômico promovem um pensamento reacionário que sugere que somos um ótimo país que merece o esforço e o sangue de cada trabalhador. Só que o lucro nunca pertenceu ao povo. O Brasil no qual acredito não é o do ufanismo, restrito à idéia de país ou de governo, mas creio na noção cultural de Nação brasileira.”
Hugo Possolo, palhaço, dramaturgo e diretor do grupo teatral Parlapatões e do Circo Roda do Brasil

“Eu acredito nos brasileiros. Basta uma viagem pelas periferias do país para que qualquer ceticismo vire pó. Coisas incríveis acontecem todos os dias, o que às vezes nos falta são olhos para ver. Desde que botei o pé na estrada como repórter que os brasileiros me encantam pela capacidade de reinventar a vida, de fazer com muito pouco um destino que valha a pena. E agora mais do que nunca, quando temos uma geração de homens e mulheres pobres pegando não em armas, mas na caneta, para fazer poesia e prosa, quando temos o privilégio de testemunhar o primeiro movimento literário gerado nas quebradas do país. E, mesmo aqueles brasileiros dos confins, que ainda seguem analfabetos, contam da dor de quem é “cego das letras” fazendo literatura pela boca.

O povo brasileiro me emociona pela capacidade de não se apequenar ainda que o país se revele aquém de seus sonhos. Há um pedaço do Brasil que, mesmo quando os pés estão descalços, guarda no peito um horizonte inteiro.”
Eliane Brum, jornalista que acaba de lançar o livro O olho da rua (Editora Globo)


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