Piauí lava a égua na nova Mesa do Senado

Resisti bravamente nestes últimos meses a falar da emocionante disputa pelas presidências do Senado e da Câmara Federal, um evento que a cada dois anos domina o noticiário político, como se fosse a coisa mais importante do mundo para os destinos nacionais.

Mas não consegui ficar calado diante da foto de Ailton de Freitas, o popular Freitinhas, publicada na página 3 de O Globo de quarta-feira mostrando o novo comando do Senado Federal.

Lê-se na legenda:

“A Mesa do Senado: Mão Santa (PMDB-PI), Serys Slhessarenko (PT-MT), Heráclito Fortes (DEM-PI), Sarney (PMDB-AP), Marconi Perilo (PSDB-GO) e João Vicente Cclaudino (PTB-PI)”.

Na linguagem própria do Congresso Nacional, Mesa (os eleitos para dirigir os trabalhos) é como se chama quem manda na Casa (como se referem ao Senado).

Li e reli para ver se não havia um engano, mas é isso mesmo: dos seis senadores, três são do Piauí _ ou seja, toda a bancada de um dos Estados mais pobres do país.

Na presidência, pela terceira vez, ficou o ex-presidente da República José Sarney, que é do Maranhão, Estado vizinho ao Piauí, mas que foi eleito pelo Amapá.

Completam a mesa, dois senadores do centro-oeste, Srys, do Mato Grosso, e Perilo, de Goiás.

Não é uma estranha geografia política? São três nordestinos (todos do Piauí), um do norte e dois do centro-oeste, e nenhum do sudeste e do sul, as regiãos mais desenvolvidas e com o maior eleitorado do país.

“Só deixamos o Sarney ser presidente porque o pai dele é do Piauí”, ainda tripudiou o sempre gracioso senador Mão Santa, ex-governador do Piauí, que ganhou este apelido quando trabalhava como médico ginecologista.

E fica tudo por isto mesmo. Só não consegui ainda entender qual é a lógica.

Se os leitores tiverem alguma explicação para esta hegemonia do Piauí na Mesa da Casa, por favor me mandem.


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