Hollande visita Brasil para reforçar alianças

A presidenta Dilma Rousseff recebe o presidente da França, François Hollande, em cerimônia oficial de boas-vindas, no Palácio do Planalto. Antonio Cruz/Agência Brasil
A presidenta Dilma Rousseff recebe o presidente da França, François Hollande, em cerimônia oficial de boas-vindas, no Palácio do Planalto. Antonio Cruz/Agência Brasil

Foi uma visita relâmpago, de apenas um dia e meio, iniciada às 7h15 da manhã desta quinta-feira (12) com o desembarque do presidente francês, o socialista François Hollande, na Base Aérea de Brasília, e que será encerrada por volta do meio-dia da sexta-feira (13).

As declarações políticas de Hollande e da presidenta Dilma Rousseff, em vários discursos, destacaram a cooperação entre os dois países em temas polêmicos como a espionagem eletrônica americana; a candidatura brasileira a um assunto fixo no Conselho de Segurança da ONU; o aumento do intercambio comercial e dos investimentos entre Brasil e França; e, finalmente, à intenção de retomar as negociações sobre um acordo de livre comercio entre o Mercosul e a União Europeia.

A passagem rápida de Hollande, foi um sucesso e deverá trazer consequências proveitosas para os dois países. Dilma em seu discurso no Palácio do Planalto, agradeceu o apoio dado pela França à iniciativa de Brasil e Alemanha contra a espionagem e buscando garantir a privacidade das comunicações eletrônicas e da Internet. 

Roteiro

O primeiro evento de Hollande no Brasil foi uma visita às obras do novo Lycée Français François Mitterrand, colégio para 800 alunos que está sendo construído no Lago Sul, bairro nobre da capital Federal. Recebido por crianças uniformizadas, o presidente da França – acompanhado por sua mulher, a jornalista Valerie Trierweiler, e por numerosos grupo de ministros – destacou que a rede de liceus franceses espalhados pelo mundo são um fator fundamental para a divulgação da cultura e da língua francesa. A nova escola, que vai custar R$ 37 milhões ao governo francês, integra uma rede de colégios espalhados pelo mundo que, segundo o presidente, custará 500 milhões de euros anuais ao governo francês. 

Na sequência, Hollande se reuniu, no Centro de Convenções de Brasília, com empresários brasileiros e franceses que participam de um Fórum Econômico Brasil-França, promovido pela confederação Nacional da Industria (CNI). A conversa foi rápida, mas ele voltará a se encontrar com os empresários na sexta-feira (13), junto de Dilma, na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), em São Paulo.

O mandatário francês também foi recebido oficialmente por Dilma no Palácio do Planalto. Marcada para as 11 horas, a cerimônia começou com 25 minutos de atraso. Duas reuniões se seguiram resultado no fechamento de diversos acordos de cooperação cientifica, educacional, comercial e até esportiva entre Brasil e França. Um dos destaques é o acordo com a Thales-Alenia (multinacional francesa de alta tecnologia) para projeto, desenvolvimento e lançamento e de satélites de comunicação e defesa. A empresa francesa vai trabalhar em conjunto com a Agencia Espacial Brasileira e empresas nacionais para garantir não apenas a construção dos equipamentos mas também a transferência tecnologia. Ainda na área de tecnologia e defesa, uma nova empresa franco brasileira (associação entre a Odebrect e a DCNS) será formada para desenvolver projetos, tecnologias e equipamentos de defesa, repetindo o modelo do Programa de Submarinos da Marinha. 

Seguindo no campo da alta tecnologia, Brasil e França fecharam um acordo para projeto, desenvolvimento, formação de pessoal e transferência de tecnologia da empresa francesa Bull, com o objetivo de construir no Brasil um supercomputador. Pelo acordo, será implantado no Brasil um Centro de Pesquisas e de Aplicações, com recursos do governo brasileiro e tecnologia da Bull, um dos maiores nomes da computação de alta velocidade do mundo. O centro terá uma sede em Petrópolis e outra no Rio de Janeiro, na Coppe/UFRJ.

Na área educacional, Brasil e França se comprometem a ampliar o programa Ciência sem Fronteiras, que hoje já atrai cerca de 5 mil estudantes brasileiros  para estudar na França, pretendendo chegar a 10 em cinco anos. O acordo também prevê que os estudantes brasileiros poderão estagiar e depois trabalhar em empresas francesas.

Em termos econômicos, Hollande e Dilma destacaram que os dois países seguem aumentando seu intercâmbio comercial e industrial. Hollande lembrou que as presas francesas investem dois bilhões de euro por ano no Brasil, o que torna a parceria entre os dois países cada vez mais solida. Dilma destacou, no seu discurso no Planalto, que o grupo francês Casino é o maior empregador individual do Brasil, entre as empresas francesas. Hollande, por sua vez, no discurso no almoço do Itamaraty, destacou que as empresas francesas no Brasil empregam nada menos que 500 mil brasileiros, enfatizando que o campo para expansão dessa interação entre os dois países é crescente.

O presidente francês François Hollande condecora hoje à noite com a Legião de Honra, a mais alta condecoração francesa, ao ex-jogador de futebol Raí Vieira de Souza Oliveira. Raí, que jogou muitos anos no futebol francês, comanda hoje uma das mais produtivas ONGs do Brasil, a Gol de Letra, que  atende centenas de crianças e menores carentes no Brasil.


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