Oposição joga Dilma nos braços de Lula

O grande desafio dos estrategistas da candidatura de Dilma Roussef no momento, além de torná-la mais conhecida da população, é ligar seu nome ao do presidente Lula. É mostrar ao eleitorado que Dilma é a candidata de Lula à sua sucessão em 2010.

Até aí, não estou contando nenhuma grande novidade, eu sei. O que talvez nem todo mundo já tenha percebido é que quem mais está ajudando Lula e Dilma nesta tarefa, por incrível que possa parecer, são os líderes da oposição demo-tucana.

Com dois candidatos a candidato e o processo de escolha emperrado, sem nenhuma proposta concreta para ajudar o país a enfrentar a crise econômica do fim do mundo e sem apresentar até agora nenhum projeto para o Brasil pós-Lula, nas últimas semanas a oposição tem se limitado a fazer denúncias que só acabam ajudando a jogar Dilma no colo do presidente.

Quem ainda não sabia que ela é a candidata do presidente Lula à sua sucessão – e não é de agora, mas desde 2005 – ficou sabendo. Cada vez que a oposição apresenta uma nova denúncia contra os dois, como aconteceu com a representação ao TSE por campanha eletioral antecipada, mais associa um nome a outro.

Desta vez, foi o presidente nacional do DEM, o deputado carioca Rodrigo Maia, filho do ex-prefeito blogueiro Cesar Maia, quem decidiu apresentar requerimento pedindo explicações sobre os vôos da ministra.

Quer saber se ela aproveitou as viagens oficiais para participação em encontros políticos, como se os encontros de quem chefia a Casa Civil não fossem sempre políticos pela própria natureza do cargo.

Segundo levantamento feito pelo jornal O Globo, publicado na matéria “Oposição quer explicações sobre vôos de Dilma”, a ministra fez 30 viagens para promover 40 obras do PAC.

O jornal foi ouvir Rodrigo Maia:

“Vou apresentar requerimento para saber quem está pagando as viagens e se ela está usando os vôos só para agenda oficial ou se há agenda política”.

Se a oposição continuar com esta mesma estratégia, quando a campanha oficial finalmente começar, lá para julho de 2010, prazo previsto pela lei, segundo os juristas também ouvidos por O Globo, o eleitorado já estará cansado de saber que Dilma é a candidata de Lula.

É tudo o que o governo quer para continuar mais quatro anos no poder.

Padre critica bispo

Desde domingo, quando publiquei o texto sobre os católicos envergonhados com o caso da menina e do bispo do Recife, muitos leitores enviaram comentários me criticando por ter defendido os médicos que salvaram a vida da criança de nove anos, estuprada pelo padastro, grávida de gêmeos.

Segundo eles, um católico não pode criticar dogmas e decisões adotadas pela hierarquia da Igreja Católica, como a excomunhão da mãe da menina e dos médicos, anunciada semana passada pelo bispo José Cardoso Sobrinho. Mandaram-me procurar outra igreja, o que não está nos meus planos.

Se são tão rígidos com um simples fiel, penso no que dirão da nota publicada segunda-feira por Ancelmo Gois em sua coluna de O Globo em que relata, sob o título “Outra igreja é possível”, o que aconteceu domingo num templo carioca:

“A decisão do arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, que excomungou os médicos que fizeram o aborto na menina de nove anos que havia sido estuprada pelo padrasto, foi criticada ontem pelo Padre Evandro em duas missas na Igreja são Paulo Apóstolo, em Copacabana.

O padre reconheceu que a Igreja tem suas leis, mas ressaltou que há casos e casos. Ele manifestou seu constrangimento diante da posição do bispo de dizer que o aborto era mais grave do que o estupro.

O padre foi aplaudido de pé pelos fiéis”.

Faço minhas as palavras do padre e só espero que ele também não seja excomungado por dom Sobrinho.

O deboche do Senado

Tem gente que paga para trabalhar, como o médico Aziz Miguel Filho, como contei na semana passada aqui no Balaio na reportagem que fui fazer em Barra do Ribeira, no litoral sul paulista (“Um outro mundo, tão perto daqui”).

E tem gente que ganha fortunas em horas extras sem trabalhar. Onde? Ora, só poderia ser lá mesmo, no Senado Federal, que pagou R$6,2 milhões em horas extras para 3.883 funcionários em janeiro, durante o recesso parlamentar, ou seja, quando estava todo mundo de férias.

Só pode ser deboche. Dá quase 50 funcionários por senador para um ajudar o outro a não fazer nada. O Senado só voltou a funcionar dia 2 de fevereiro e a justificativa oficial para este acinte é que os funcionários precisavam preparar a sessão de reabertura.

Que maravilha!


Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.