London calling

Foto: Carl de Souza / AFP

London calling to the faraway towns
Now that war is declared and battle come down

Londres chama as cidades distantes
Agora, a guerra está declarada e a batalha começa

“London calling”, música do fundamental The Clash, uma das bandas ícones do punk, do final da década de 1970.

Nesta semana, a canção é uma espécie de trilha sonora para os 20 países mais industrializados do mundo mais a União Europeia, o G20, ou 2/3 do comércio e da população do globo, ou 90% do Produto Interno Bruto (PIB) do planeta, se somados. Reunidos na capital inglesa, eles declaram guerra à maior crise econômica desde 1929.

África do Sul: Kgalema Motlanthe
Alemanha: Angela Merkel
Arábia Saudita: Rei Abdallah
Argentina: Cristina Kirchner
Austrália: Kevin Rudd
Brasil: Luiz Inácio Lula da Silva
Canadá: Stephen Harper
China: Hu Jintao
Coreia do Sul: Lee Myung-bak
Estados Unidos: Barack Obama
França: Nicolas Sarkozy
Índia: Pratibha Patil
Indonésia: Susilo Bambang Yudhoyono
Itália: Silvio Berlusconi
Japão: Taro Aso
México: Felipe Calderón
Reino Unido: Gordon Brown
Rússia: Dmitri Medvedev
Turquia: Abdullah Gül
União Europeia: Durão Barroso

Vinte chefes de estado e alguns desafios, como o retorno do crescimento econômico e dos empregos, o resgate do crédito e a promoção do comércio mundial, em tempos de protecionismo. Números do Banco Mundial indicam que 17 dos 20 países do grupo tomaram medidas nos últimos meses que retardam o comércio. Em outras palavras, ou melhor, palavra: protecionismo.

Antes da reunião desta quinta-feira, alguns desencontros e discursos divergentes. Além, claro, de protestos de quase 5 mil manifestantes, com direito a vidraças de bancos quebradas e confrontos com a polícia. A nota triste foi a morte de um homem.

Voltando aos discursos divergentes. Barack Obama disse querer um pacote de estímulo na economia com 2% dos PIBs para 2009 e 2010. Angela Merkel e Nicolas Sarkozy mostraram-se contrários. Taro Aso, do Japão, afirmou que a Alemanha não entendeu a importância do pacote para a economia.

Hoje, Londres chamou e concordou. Pelo menos em alguns pontos.

– Regulação dos mercados e fiscalização dos bancos e fundos de investimentos. A causa principal da crise foi a falta de regulação do sistema financeiro.
– Ações coordenadas de renúncia fiscal para criar empregos e crescer a economia, com US$ 5 trilhões injetados na economia global até 2010.
– US$ 750 bilhões para o Fundo Monetário Internacional (FMI)
– Pacote de US$ 250 milhões para o comércio internacional
– Acordo para uma conclusão urgente da Rodada de Doha
– Outra reunião do G20 até o final do ano

Essas foram as principais decisões da cúpula. Pode-se dizer que todos foram contemplados. A regulação do sistema financeiro foi um pedido de Sarkozy e Lula antes do encontro, enquanto Obama, Aso e Gordon Brown, anfitrião da reunião, foram atendidos com o pacote de injeção para o retorno de crescimento da economia global.

After all this won’t you give me a smile?, indaga o final de “London calling”. A ver se o mundo voltará a sorrir!

Em tempo: O encontro dos líderes não teve só assuntos sérios. Um dos momentos de descontração foi protagonizado por Barack Obama e Lula e registrado pela rede BBC. O presidente norte-americano cumprimentou o brasileiro, em frente do primeiro-ministro australiano, Kevin Rudd, e disse: “This is my man… I love this guy!” (Esse é o cara… Eu amo esse cara!), referindo-se à Lula. “The most popular politician on earth! It’s beacause of his good looks” (É o político mais popular na Terra. Isso é porque ele é boa pinta), emendou Obama. Que moral, hein, Lula!


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