O cinema perdeu muito em 2013

Nagisa-Oshima
Nagisa Oshima (“Império dos Sentidos”). Reprodução.

O cinema mundial e nacional teve muitas perdas relevantes no decorrer de 2013. Principalmente, de diretores. Dois deles, famosos e cultuados há mais de quatro décadas e com carreiras singulares. O japonês Nagisa Oshima (1932-2013) escandalizou o mundo com “Império dos Sentidos” (1976), famoso pela cena de pompoarismo da atriz principal com uma bolinha de pingue-pongue. O longa-metragem, proibido no Brasil durante a ditadura militar, virou ícone da luta contra a censura no cinema e só foi liberado em 1982. Filho de uma família aristocrática e tradicionalista, desde cedo Oshima se interessou pelas causas estudantis e políticas. Diplomou-se em direito, em 1954, especializou-se em história política e em particular na história da Revolução Soviética. Nessa época, deixou tudo de lado e entrou para uma empresa produtora de filmes, como argumentista e assistente de direção. Dirigiu também o clássico “Furyo, Em Nome da Honra” (1983), com  David Bowie.

 

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Jesus Franco
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O chamado cinema trash, cultuado por suas produções de baixo orçamento e temática nada convencional, subversiva até, perdeu Jesús Franco (1930-2013), que também assinava seus filmes com os pseudônimos de Clifford Brown e David Khune – quando dirigiu filmes nos Estados Unidos. Espanhol de nascimento, ele trabalhava também como ator, roteirista e produtor desde 1959. Aprendeu cinema como ajudante de consagrados diretores como Juan Antonio Bardem, Luis García Berlanga e Orson Welles – na sua passagem por Espanha. Depois partiu para o estrangeiro, onde dirigiu atores consagrados como Christopher Lee, Klaus Kinski, Jack Palance, Howard Vernon, George Sanders ou Rosalba Neri. Produtivo acima da média, realizou cerca de duzentos filmes, e foi um dos cineastas mais prolixos, originais e iconoclastas no subgênero B ou trash. Seus filmes são chamados “horróticos”, pela mistura de horror e erotismo – “O Massacre das Barbies” e “ Vampiros Lesbos”.

 

Outros diretores que faleceram ao longo do ano: Damiano Damiani (1922-2013), de origem italiana, começou com documentários nos finais dos anos 40. Entre outros, dirigiu os astro Franco Nero e Claudia Cardinale, no filme “Il Giorno Della Civetta” (baseado no romance homónimo de Leonardo Sciascia), pelo qual ela recebeu o prêmio David di Donatello de melhor atriz. Entre os seus filmes mais conhecido, destaca-se “Confissões de Um Comissário de Polícia (1971);.Sergiu Nicolaescu (1930-2013) romeno de nascimento e diretor de “Dacii” (1967) e “Un comisar acuză” (1974), entre outros filmes, morreu em janeiro; David R. Ellis (1952-2013)ficou conhecido por “Homeward Bound II: Lost in San Francisco”, “Final Destination 2”, “The Final Destination”, “Serpentes a Bordo” e “Shark Night”.

 

Em fevereiro, foi a vez do cinema russo perder Aleksei Yuryevich German, mais conhecido como Aleksei German (1931-2013); e Pyotr Todorovsky (1925-2013). O americano Ted Post (1918-2013) dirigiu cinema e televisão, inclusive series importantes como “Gunsmoke”, “Perry Mason”, “Wagon Train”, “Rawhide”, “The Twilight Zone”, “Columbo” e 178 episódios de “Peyton Place”. Entre os filmes mais conhecidso, “De Volta ao Planeta dos Macacos”. A Itália ficou sem os talentos de Alberto Bevilacqua (1934-2013) e Luigi Magni (1928-2013). A França lamentou a partida do mestre Édouard Molinaro (1928-2013). A baixa no Canadá se deu com Michel Brault, OQ (1928-2013), diretor e produtor de Quebec, que trabalhou em mais de duzentos filmes e foi importantíssimo como produtor de cinema na década de 1960.

 

No Brasil, o cinema ficou sem Haroldo Marinho Barbosa (1944- 2013) pouco antes do Natal. Ele dirigiu “Engraçadinha” (1981), premiado no Festival de Brasília nas categorias de melhor atriz (Lucélia Santos), roteiro e música; e “Baixo Gávea (1986), que recebeu o prêmio especial do júri no Festival do Rio.. Norma Bengell (1935-2013) foi diretora no fim da vida, de uma carreira gloriosa como atriz. Como sua família passava dificuldades, começou a trabalhar no início dos anos 1950, primeiro como modelo e, depois, como vedete do teatro de revista, onde também desenvolveu seu lado de cantora. Por fim, foi para o cinema, onde escandalizou os moralistas ao aparecer no primeiro nu frontal do cinema brasileiro em “Os Cafajestes” (1963), de Ruy Guerra.

 

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Harry Reems
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Entre os atores, a curiosidade ficou na morte do ator pornográfico americano Harry Reems (1947 -2013). Pouca gente sabe que ele pagou um preço altíssimo pelo papel na comédia pornográfica “Garganta Profunda” (1972), considerada o filme mais escandaloso de todos os tempos . Outro sucesso em que Harry participou foi “O Diabo na Carne de Miss Jones”, de 1979, outro filme cultuado do gênero. Após encerrar a carreira, casou e converteu-se ao cristianismo. Reems ganhou a vida desde então como agente imobiliário. Faleceu por complicações de um câncer de pâncreas.

 

Giuliano-Gemma
Giuliano Gemma
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Os fãs de filmes de faroeste perderam o maior de todos os astros do gênero produzido na Itália, Giulianno Gemma (1938-2013), famoso pelo clássico “O Dólar Furado” – conta a história de um jovem que é alvejado pelo melhor amigo. A bala atinge uma moeda que ele carregava no bolso e acaba salvo – para que possa acertar as contas. Além de ator, era apresentador de TV, escultor e atleta. No começo da carreira, Gemma trabalhou como dublê de cinema. Até que o diretor Duccio Tessari ofereceu a ele um papel no filme “Arrivano i Titani”, em 1962. Logo se tornou ator de filmes western spaghetti, com grandes sucessos como “Una Pistola Per Ringo” e “I Giorni Dell’ira”. Quando atuava nos filmes ainda era atleta, e chamava a atenção pela sua elasticidade nas cenas. Para atuar em filmes dos EUA teve que adotar o codinome Montgomery Wood. Giuliano Gemma também trabalhou na televisão italiana e como escultor. Durante as filmagens de “Una pistola per Ringo”, conheceu sua futura esposa, Natália Roberti, com quem se casou pouco depois e teve duas filhas: Giuliana e Vera. Ambos foram casados até 1995, quando Natália veio a falecer. Morreu num acidente de carro. em 1º de outubro de 2013,

 

Sara Montiel, uma das atrizes mais populares do mundo nas décadas de 1940 e 1950, era o nome artístico de María Antonia Alejandra Vicenta Elpidia Isidora Abad Fernández (1928-2013). Atriz e cantora espanhola, com atuação no México e nos Estados Unidos (Hollywood). Sara Montiel nasceu no seio de uma família humilde que vivia da agricultura, já que seu pai era um lavrador. Sua grande beleza e talento permitiram que ela conseguisse grandes sucessos, mas o cinema espanhol da época era muito pequeno para uma estrela como Sara Montiel, que foi tentar a sorte fora de seu país, no México e nos Estados Unidos, onde chegou a trabalhar em Hollywood. Graças ao êxito do filme “Loucura de Amor, chamou a atenção da indústria de fala hispânica mais importante do mundo na época, o México do Cine de Oro e imediatamente se transformou numa das estrelas do momento, junto com María Félix, Miroslava e Katy Jurado. Também trabalhou com os grandes atores da época: Augustín Lara, Arturo de Córdova, Pedro Infante.


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