Em tempo: acabo de ser informado agora pelo chefe de gabinete do presidente Lula, meu velho amigo Gilberto Carvalho, que o governo já está ciente e tomando providências em relação à situação relatada pelo leitor Everaldo Santos de Alencar sobre as dificuldades encontradas por dona Maria Júlia para se inscrever no programa “Minha Casa, Minha Vida”, tema do último post.
É raro, mas acontece. Em meio a este pântano que virou o noticiário político e institucional, fui alegremente surpreendido na noite desta quinta-feira pelo comentário que me foi enviado por um leitor, às 20:04.
Sensibilizado com o drama em busca da casa própria da faxineira Maria Júlia, relatada por outro leitor, Everaldo Santos de Alencar, de Aparecida de Goiânia, Goiás, no post que escrevi ontem – Será que vão colocar ordem nesta suruba? – sobre o Congresso Nacional, F.B. resolveu doar um terreno de sua propriedade para resolver o problema.
O leitor, que hoje me pediu para seu gesto de nobreza ficar no anonimato, escreveu:
“Quero participar da solução de moradia para esta viúva de pedreiro, construtor de inúmeras residências e que, no entanto, não conseguiu uma casa própria para sua família. Possuo um lote de 360 m², escriturado, situado na rua (vou omitir o endereço), no município de Aparecida de Goiânia, Goiás. Paguei o IPTU de 2009 no valor de R$ 119,00. Estou disposto a doá-lo para dona Maria Júlia para que ela possa construir nele a sua morada”.
Ao final, pede para que Everaldo entre em contato com ele e, junto com o construtor entrevistado na matéria, e outras pessoas dispostas a ajudar, possam erguer uma casa para a faxineira e sua família.
Só por isso já valeu a pena ter criado este blog em setembro do ano passado. Não é objetivo do Balaio resolver problemas sociais que os poderes públicos não conseguem, mas dá uma felicidade enorme quando isto acontece, partindo da iniciativa dos próprios leitores.
Por coincidência, meu colega e compadre Clóvis Rossi comenta algo parecido em sua coluna de hoje na Folha _ A coalizão “do bem” – ao falar dos leitores que lhe escrevem perguntando o que cada um pode fazer para tentar mudar a situação, em vez de ficar só xingando os políticos.
Ao tratar da “catarata de escândalos que os jornais denunciam dia sim, outro também”, Rossi termina seu texto dizendo: () não pode servir de desculpa para que cada um deixe de dar a sua contribuição, como puder, para formar, manter e renovar as maioriais “do bem”. Difícil? Sim. Mas há outro caminho?”
Depois de ler a coluna dele, fui liberar os comentários e encontrei um belo texto do leitor Flávio Santos (11:05 de hoje) sobre o caso Maria Júlia e o gesto de F.B., na mesma linha. Cita uma fábula sobre estrelas do mar que um homem recolhia na areia e jovava de volta à água para não morrerem. Eram muitas, nunca conseguiria salvar todas, mas estava fazendo a sua parte.
No final do comentário, escreve Flávio: “Enquanto não nos responsabilizarmos pelos problemas sociais, por achar que não são nossos, essa e outras situações narradas no presente artigo continuarão para sempre”.
Se cidadãos como F.B. conseguirem sensibilizar com seu gesto de solidariedade outros brasileiros, e não deixarmos tudo só por conta do governo, certamente muitas outras brasileiras além de Maria Júlia conseguirão a sua casa própria. Se o governo fizer a sua parte, e a burocracia e a ganância dos “gericados” deixarem, será mais rápido.
Não adianta ficar só reclamando e xingando.
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