Crianças depredam creche. Meu Deus!

Aos caros leitores:

Viajo amanhã cedo para Fortaleza e só volto no domingo. Vou ao sertão do Ceará fazer uma reportagem com o José Padilha para a edição de junho da revista Brasileiros.

Voltaremos à região onde ele filmou “Garapa”, o documentário sobre o povo que ainda passa fome, que estréia em circuito nacional no dia 29 de maio.

Até a volta.

Ao terminar de ler a inacreditável notícia escrita pelo José Maria Tomazela no cada dia melhor caderno Metrópole do velho Estadão, que voltou a investir em boas reportagens, custei a acreditar como era possível acontecer uma coisa dessas.

Vejam se dá para acreditar:

“Cinco crianças e adolescentes, com idade entre 8 e 13 anos, invadiram e depredaram a Creche Escola Caminho Feliz, no domingo, em Botucatu, a 226 quilômetros de São Paulo”.

Botucatu, uma progressista porém pacata cidade universitária e agroindustrial, na região da Grande Porangaba, que eu conheço bem, em nada faz lembrar os violentos subúrbios das nossas metrópoles.

O que está acontecendo com a nossa sociedade? Como chegamos a este ponto? Quem são e o que pensam da vida os pais destas crianças?

A mãe de um dos meninos disse que a invasão foi liderada por um garoto de 12 anos e que o bando mirim queria usar a internet da escola que funciona junto com a creche.

Só espero que não culpem a internet por esta barbaridade. O que tem uma coisa a ver com a outra? As crianças eram proibidas de usar a internet?

Na descrição de Tomazela, as crianças arrombaram as janelas e destruíram carteiras, armários, televisores, computadores e máquinas fotográficas. Material didático foi jogado no chão. O grupo também invadiu a cozinha e espalhou os alimentos. Em seguida, foram à creche, depredaram o berçário e atearam fogo em brinquedos.

Fossem mais velhos, eu logo pensaria que agiram sob efeito de drogas, só podia ser. Ou será que o tal do crack, que está invadindo as cidades do interior, já chegou nesta faixa de idade?

Até algum tempo atrás, mesmo com todos os nossos crônicos problemas sociais, misérias em geral, desmandos políticos e crises econômicas, era inimaginável ler algo assim no jornal, envolvendo crianças do interior em atos de vandalismo.

Gostaria muito que os leitores me ajudassem a entender este episódio, tão trágico para o nosso futuro, que eu não tenho mais o que dizer.

Só me ocorre repetir o colega Ancelmo Góis, colunista de O Globo. Quando escreve sobre algum fato absurdo desses, o amigo conclui suas notas assim:

“Meu Deus!”


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