Em meio a tantas tragédias nas últimas semanas, a história que mais me partiu o coração foi a do menino S., de 9 anos, cuja guarda vem sendo disputada na Justiça entre o pai biológico norte-americano e o padrasto brasileiro.
Nesta segunda-feira, o juiz Rafael Pereira Pinto, da 16ª Vara Federal do Rio, determinou que o menino volte para a casa do pai, o ex-modelo David Goldman, nos Estados Unidos, no prazo de 48 horas.
A batalha judicial entre o pai e o padrasto começou em agosto do ano passado, quando a mãe do menino, Bruna Bianchi, separada de Goldman e casada com o brasileiro João Paulo Lins e Silva, morreu no parto da segunda filha.
O caso do garoto S. mobilizou a opinião pública e os governos dos dois países nos últimos meses. Goldman promoveu uma campanha nos Estados Unidos pela volta do filho e mobilizou até o presidente Barack Obama, que chegou a falar com o presidente Lula sobre o caso durante recente encontro entre os dois em Washington.
Em maio, o Ministério Público Federal recomendou que S. fosse devolvido ao pai biológico, contrariando o depoimento do menino a duas peritas em que ele manifestou vontade de ficar com a família brasileira.
Advogado da família Lins e Silva, Sergio Tostes anunciou que vai recorrer da decisão da Justiça Federal. O prazo para a entrega do menino ao Consulado dos Estados Unidos vence amanhã.
Até lá, S. deve ficar sob monitoramento da Polícia Federal, segundo a decisão do juiz, que acatou o argumento dos advogados de defesa baseados na Convenção de Haia para configurar a violação da guarda do pai.
Bruna e Goldman se casaram e viveram até 2004 em Nova Jersey, onde S. nasceu. Neste ano, Bruna viajou com o menino para passar férias no Brasil – e nunca mais voltou, nem deixou Goldman se encontrar com o filho. E o caso foi parar na Justiça.
Este é o resumo da novela que ainda não terminou. Aqui em casa, quando vimos à noite na televisão a notícia sobre a decisão da Justiça, a família se dividiu.
Para mim, desde o início, não havia nenhuma dúvida: quando a mãe morreu, a guarda de S. deveria ficar automaticamente com o pai biológico, que está vivo, não tinha nem discussão.
Mas minha mulher acha que deveria ser respeitada a vontade do menino de permanecer com a família brasileira com a qual vive faz cinco anos.
S. deveria ficar com o pai ou o padrasto? De que lado ficam os leitores do Balaio?
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