Entregar sem lutar: São Paulo, que vexame!

Perder, tudo bem, faz parte do jogo. Mas entrar em campo num jogo decisivo da Libertadores com um time mais preocupado em não tomar gol do que em pelo menos tentar marcar um, que lhe garantiria a classificação, não dá para entender, muito menos aceitar. Só podia dar no que deu: um vexame.

Com meia hora de jogo, entreguei os pontos, desliguei a televisão e falei para minha mulher: “Desse jeito, o São Paulo pode jogar mais três horas que não vai marcar gol. Sem chance”.

Ao ver o resultado no jornal agora de manhã, 2 a 0 para o Cruzeiro, lembrei-me de uma expressão de velhos comentaristas esportivos do tempo em que eu também fui um deles: “Deu a lógica”. Nenhuma surpresa.

Quando apareceu a escalação retrancada, com três zagueiros e dois volantes, e ainda por cima Richarlyson e Washington em campo – quer dizer, já começamos o jogo com dois a menos -, perdi as esperanças de que o São Paulo fizesse algo diferente do que apresentou de mais burocrático nos últimos jogos.

É tudo tão previsível A defesa fica trocando passes de três metros no meio de campo, ainda consegue errar alguns e, quando não tem mais o que fazer com a bola, um deles dá um chutão pra frente.

Antes da bola chegar nele, o grandalhão Washington, que mais parece um boneco de Olinda, já está caindo no chão e reclamando do juiz. E é só isso. Não tem jogada de linha de fundo, nenhuma troca de passes pelo meio da defesa adversária, um drible, uma ousadia, nada.

Vendo o São Paulo se arrastar em campo, o Cruzeiro ficou na dele, fazendo cera desde o começo. Por razões que só ele deve saber, Muricy deixou no banco os únicos três jogadores – Dagoberto, Hernanes e Jorge Wagner – que poderiam fazer a diferença e romper com aquele futebol chato que deixa a gente com raiva e com sono.

Tudo bem que os três também não estão jogando nada este ano, mas pelo menos sabem jogar, uma hora podem surpreender o adversário. Já vi o São Paulo em outras temporadas com um time mais fraco do que este, mas não me lembro de um jogo em que entregou os pontos com meia hora de jogo.

Na véspera, o Palmeiras, com um elenco sem grandes estrelas nem talentos, lutou até o último minuto em busca do gol que lhe daria a classificação. Obina perdeu dois gols feitos no final, mas saiu de campo como um herói. O time de Luxemburgo pelo menos lutou até o fim.

Em seguida, na mesma noite de quarta-feira, o Corintians foi para cima do Internacional assim que o juiz autorizou o início da partida. Presumo que os do São Paulo até agora não ouviram este apito.

Que se passa com o tricolor? Poderiam pelo menos aproveitar o monumental vexame diante dos 52 mil torcedores, que lotaram o Morumbi na noite de quinta-feira, para fazer uma limpa neste elenco, dispensando os jogadores que contrataram este ano – não se salva um -, e outros mais antigos com o prazo de validade vencido.

O jeito é começar tudo de novo, como o São Paulo já fez mil vezes na vida, promovendo a meninada do juvenil. O que não dá é para continuar mais uma semana deixando as coisas como estão, fingindo que está tudo bem. O problema, como disse no começo, não é o time perder. É não mostrar a menor vontade nem chance de ganhar.


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