O Fiat Elba de Zé Sarney e a resistência de Zé Alencar

Os dois estão chegando aos 80 anos, e a idade é a única coisa em comum entre o vice-presidente da República, José Alencar, e José Sarney, ex-presidente da República e presidente do Senado pela terceira vez.

Numa idade em que tudo o que tinham a fazer na vida já foi feito, e não tem volta, os dois Zés vivem neste momento uma situação absolutamente antagônica.

A luta de Zé Alencar contra o câncer e pela vida, saindo da sua 15 ª cirurgia, transformou-o numa unanimidade nacional a favor – o único político brasileiro hoje em dia de quem todo mundo só fala bem e torce por ele.

A luta de Zé Sarney pela sobrevivência política para ficar na presidência do Senado, depois de uma enxurrada de denúncias contra ele, transformou-o também numa unanimidade nacional – contra ele. Não há mais quem o defenda, a não ser o presidente Lula.

Esta semana, a publicação das gravações dos diálogos entre Zé Sarney e seu filho Fernando, acertando um emprego hereditário no Senado para o namorado da neta, foi mais ou menos como o Fiat Elba para outro Fernando, o Collor – um pecado menor diante do conjunto da obra, mas que levou à cassação do primeiro presidente eleito pelo voto direto após a ditadura militar. Como diz o vulgo, foi a prova que faltava, o batom na cueca.

A aliança com o empresário Zé Alencar, nas eleições de 2002, foi o maior acerto político da vida de Lula. O apoio a Sarney, em 2009, na eleição para a presidência do Senado, foi o seu maior erro.

Zé Alencar tornou-se um político incontestável. Se tivesse dez anos a menos e boa saúde, seria o sucessor natural de Lula na presidência. Zé Sarney, no final da carreira política, tornou-se um político indefensável, sem futuro, ameaçado de jogar pela janela o seu importante papel na redemocratização do país.

As imagens de Zé Alencar entrando e saindo altivo do hospital, forte e sorridente, vendendo esperança, e a de Zé Sarney aflito, entrando e saindo do Senado cercado de seguranças, resumem a história e o destino de cada um.

Ninguém precisava dizer mais nada. Basta olhar as expressôes de um e de outro. Qualquer que seja o desfecho da história dos dois, Zé Alencar, que ficou rico como empresário de sucesso antes de entrar para a política, é um vencedor. Zé Sarney, que não fez outra coisa na vida e ficou rico na política, por abusar do poder, escolheu o papel de perdedor.

Entre os dois Zés, o coração mole de Lula, que nunca abandona os aliados, balança. O Brasil de Lula está hoje mais para Zé Alencar do que para Zé Sarney. Em 2010, os eleitores vão dizer qual Brasil preferem.

Os mais comentados

Os três assuntos mais comentados esta semana no Balaio, na Folha e na Veja:

Balaio

Sarney: 526

Chegada à Lua: 350

Futebol: 105

Folha

Sarney: 232

Lula: 98

Danuza Leão: 47

Veja

Animais de estimação: 134

Lula, Collor e Renan: 46

Xinran Xue: 12


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