A volta de um mito

Após o grave acidente de Felipe Massa, que ficará afastado das pistas por tempo indeterminado, a Ferrari anunciou a volta de um dos maiores, senão o maior piloto de todos os tempos: Michael Schumacher. Pelos números, o alemão é, sem dúvida, o maior piloto de todos os tempos. Além dos sete títulos na Fórmula 1 (dois pela Benetton – hoje Renault – e cinco pela Ferrari), ele detém praticamente todos os recordes da categoria. Em 250 GPs disputados, Schumi subiu ao pódio em 154, 91 vezes no lugar mais alto. É também o recordista de pole positions, com 68. Na temporada de 2002, conseguiu a façanha de terminar todas as corridas no pódio. Ao todo, somou na carreira incríveis 1.369 pontos, pouco menos que o dobro de Alain Prost, que com 798,5 pontos é o 2º no ranking nesse quesito.
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Será que, aos 40 anos, com uma Ferrari mediana e há quase três anos fora da Fórmula 1, o alemão está fazendo a coisa certa em voltar à categoria?

O jornalista Flavio Gomes, apaixonado por automobilismo, falou com o site da Brasileiros e mostrou otimismo quanto à volta de Schumacher, que vai acontecer no dia 23 de agosto, no GP da Europa, em Valência (Espanha). “Ele só tem a ganhar. Se não conseguir resultados espetaculares, terá sempre a desculpa da inatividade e do carro meia-boca. Se vencer uma corrida, reforça a tese de que é um fora-de-série, difícil de ser igualado”. Gomes também ressaltou a questão do espetáculo que é a volta do maior piloto de todos os tempos. Para ele, o alemão certamente irá atrair holofotes para a modalidade, que perdeu um pouco do glamour, pela briga entre equipes e FIA, pela crise mundial, que abalou o orçamento da categoria em geral, entre outros problemas.

O mundo está apreensivo para a volta de um mito vivo do esporte. Gomes, que tem um blog sobre automobilismo no iG, não hesitou sobre a expectativa geral para a volta de Schumacher. “A expectativa é a melhor possível. Vai ser uma grande atração e é, de certa forma, uma homenagem ao Massa, de quem é muito amigo. Ele não vai dar vexame. É um super-atleta que vai chegar em forma a Valência.” Porém, o jornalista acredita que é realmente uma breve volta às pistas e, independente de resultados, deve acabar com a volta de Massa ao cockpit da Ferrari.

Dá para comparar a volta de Schumacher às pistas com a volta de Ronaldo aos gramados brasileiros, no sentido de que os dois são tecnicamente muito superiores aos seus adversários? Em tom de brincadeira, Gomes respondeu: “Sim. Com a diferença de que Schumacher não precisa perder tantos quilos…”. Ainda sobre a questão física, Gomes acredita que Schumi entre em forma rapidamente. Outro possível obstáculo, as novidades tecnológicas dos carros, serão superados rapidamente pelo alemão, afirma o jornalista. “Em três semanas ele entra em forma. E está em contato freqüente com a Ferrari, o carro não é tão diferente do que ele testou em abril do ano passado, exceto pelo KERS (sistema que transforma a energia liberada durante a freagem em energia elétrica, ou seja, faz com que a energia gasta durante a freada se transforme em mais cavalos e potência ao carro na retomada) e pelos pneus. Schumacher é muito preparado, vai pegar a mão fácil”, disse Gomes.

Exemplos

Há 14 anos, outro esportista também considerado o melhor em seu segmento, voltava após um ano afastado. Ao final da temporada de 1993, depois do tricampeonato da NBA com o Chicago Bulls, Michael Jordan, anunciou que largaria o esporte para se aventurar no beisebol. Nos campos de terra e grama, Jordan não foi nem sombra daquele que todos estavam acostumados a ver na quadra. Na temporada seguinte, resolveu voltar ao esporte que o consagrou e liderou o Chicago Bulls na conquista de mais três títulos da liga norte-americana de basquete. A diferença é que na época Jordan tinha seus 32 anos.

Outro atleta que provou ao mundo que é possível voltar, mesmo em condições adversas, e mostrar um desempenho até superior foi o ciclista Lance Armstrong. O americano ainda não tinha nenhum resultado expressivo no currículo quando em 1996 foi diagnosticado com um câncer no testículo, além de outros dois tumores, no pulmão e no cérebro, e abandonou as competições. Em 1998, resolveu voltar às corridas e no ano seguinte sagrou-se campeão do Tour de France, prova mais importante da modalidade. Após esse título, ganhou as seis edições seguintes da prova e encerrou a carreira, depois da maior virada na trajetória de um esportista na história. Inquieto como todo campeão, Armstrong voltou em 2009 e terminou o Tour na respeitável 3ª posição, aos 38 anos.

Agora, o mundo aguarda o que Michael Schumacher pode fazer com o conhecido cavallino rampante às mãos. Quem viver, verá!


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