O assunto é turvo ou, francamente, nojento, mas alguém tinha de tirar a limpo a questão. Coube à revista Newsweek, da semana passada, enfiar o nariz na pauta. E olhe que nunca se acusou o veterano semanário de praticar imprensa marrom. Mas o repórter Andrew Romano denunciou falhas grotescas nos hábitos sanitários americanos, apontando o papel higiênico como o responsável por uma epidemia de rabos sujos pelo país.

A constatação foi feita por intermédio de estatísticas. Por exemplo, o americano médio usa 57 folhas de papel higiênico por dia. Em conjunto, os cidadãos destroem anualmente 36,5 bilhões de rolos. Esse número é equivalente a 15 milhões de árvores. Para levar embora o produto usado, são necessários 473 bilhões de galões de água. Romano defende a implementação de bidês nos banheiros americanos, alegando que o equipamento economizaria recursos, e acabaria com a grotesca situação de milhões de fundilhos ianques. Ao que parece, metade dos habitantes do país passa o dia com as roupas debaixo seladas por escrementos.

Concordo. O tópico é asqueroso, mas me acompanhem um pouco mais, pois questões importantes serão levantadas aqui. Por exemplo, como é que se sabe disso? Romano diz que os dados vêm de uma “pesquisa clássica”, mas não dá referências. Qual terá sido o método de averiguação? Ocorreram constatações empíricas? Será que o estudo ficou na base apenas das perguntas? Ou seja, os cientistas se contentaram em questionar: “O cavalheiro está com a bunda suja?” – e contaram com a honestidade do entrevistado? Quem sabe se foram mais a fundo, exigindo que a pesquisada lhes desse imediatamente a calcinha para a contagem de matéria fecal na peça? Esse parece ter sido o modo como conduziram a pesquisa, pois no texto da Newsweek são apontadas graduações – das mais leves às mais pesadas – nas impurezas. Essa escala é muito escatológica para ser repetida nesta coluna.

O que se aprende com essa história? Bem, uma possível conclusão é que, ao avistar dois americanos, digamos, Angelina Jolie & Brad Pitt, um deles – estatisticamente – está com a roupa de baixo carregada. Como Angelina já me disse em entrevista que geralmente dispensa a calcinha, é de se imaginar que Brad seja o marcado. Não se pode eliminar a possibilidade da Jolie envergar um vestido selado. Talvez por isso, a atriz prefira as cores escuras em suas indumentárias. Pensando bem, talvez essa seja a razão de tantos nova iorquinos andarem de preto. Uma manobra de camuflagem, digamos. Como disse a icônica designer Coco Chanel (e que não se perceba neste nome qualquer intenção de trocadilho): “Todo guarda-roupa deve ter um pretinho básico”. E olha que a mulher era francesa, povo que é creditado com a invenção do bidê. Pena que no Brasil não se saiba de estudo semelhante. No país, apela-se para a máxima: “Roupa suja se lava em casa”.


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