Está chegando a popularização das impressoras “3D”, capazes de reproduzir imagens tridimensionais. O freguês escolhe uma imagem digital que contenha medidas de altura, largura e comprimento, aperta um botão da máquina, e voilà! Recebe na bandeja o objeto. Uma sandália Havaiana, por exemplo. Esse milagre já vem sendo repetido por várias indústrias para produzir desde protótipos de solados de tênis, até utensílios domésticos, como garfo e faca, ou mesmo peças de aviões, armas, ou carros. A exclusividade dessa utilização se deve, por enquanto, aos altos preços dos aparelhos. Mas, como informou a revista Economist em sua penúltima edição, os custos estão caindo e já é possível comprar o sistema por razoáveis US$ 10 mil. Muito em breve, garantem, equipamentos mais rudimentares, mas muito versáteis, serão vendidos ao público por US$ 4 mil. À princípio, parece um grande progresso para a humanidade. Mas, não sei não…
Imagine todo mundo fazendo em casa: pulseiras, brinquedos, faqueiros, bonecos miniaturizados do Ronaldo – ou do Dunga, que exigirá menor uso de matéria-prima – e outros cacarecos que hoje ainda são comprados de bancas de camelôs. O pior é que os mais safos poderão desmontar, digamos, um liquidificador, fotografar as peças, escanear as imagens, dar para cada uma as proporções dimensionais, imprimir o resultado e montar um aparelho inteiro. As águas por onde navega a pirataria vão ganhar amplitudes infinitas. “E daí? Qual é o problema do incentivo ao artesanato altamente tecnológico?” – perguntarão os incautos. Respondo com outra pergunta: “E o que acontecerá então às antigas copiadoras tridimensionais?”. Refiro-me, claro, aos chineses.
Do modo como funciona a humanidade contemporânea, são os chineses que fazem esse trabalho. Copiam desde cigarros Marlboro, até iPods de última geração, que a Apple ainda nem lançou no mercado. Que diabo! Os caras reproduziram a bomba atômica, cujos planos foram surrupiados dos americanos. Aí, vai para o mercado essas impressoras “3Ds” e, como sempre, a chinesada, óbvio, vai perpetrar falsificações perfeitas, a preços mais baixos do que subprimes de imóveis no Arizona. Ou seja: centavos de dólar. Será inevitável, pois é força do hábito, na China, fajutar mercadorias. Em breve, qualquer Mané terá em casa, máquinas produzindo objetos. Não me parece uma boa ideia mandar para o desemprego 1,4 bilhão de pessoas. Elas podem muito bem decidir protestar, batendo os pés no chão, de forma sincronizada, e alterar o movimento rotativo do planeta.
Quais são as vantagens econômicas de uma impressora “3D”? Mesmo que o equipamento seja dado praticamente de graça, os custos com matéria-prima devem pesar na contabilidade. Com a vigente escassez de recursos, o valor de, digamos, uma resina plástica vai superar o grama do ouro. Imagine a procura de material, quando bilhões de cretinos decidirem copiar bolsas Gucci, tênis Nike, ou relógios Rolex. Os chineses exigiam apenas duas tijelas de arroz para manufaturar essas mesmas porcarias. E mesmo eles têm limites de produção, o que evita a completa dilapidação de commodities. Para não dizer nada sobre o controle da proliferação destes desses itens execráveis.
Os chineses são apenas uma parcela dos prejudicados. Agregue-se à lista do desemprego, gente na Coreia, Vietnã, Japão, Indonésia, Leste Europeu, e até no Brasil. A malta desocupada, na certa, correrá a uma impressora tridimensional, imprimirá revólveres e balas, e sairá assaltando aqueles que ainda têm emprego e ganham dinheiro. Isso, é claro, até conseguirem imprimir suas próprias notas de dólar, como já fazem à perfeição os norte-coreanos. A economia mundial irá para a latrina de modo mais dramático do que essa crise de agora.
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