O meu São Paulo chegou lá de novo. Quem explica esse milagre?

Sei muito bem que, ao ler este título, o torcedor ou dirigente do São Paulo vai logo dizer que não tem nada de milagre – é muito trabalho, profissionalismo, estrutura, centro de treinamento, salários em dia, essas coisas todas que já sabemos.

Umas dez rodadas atrás, no entanto, o São Paulo estava a um ponto da zona de rebaixamento. O grande ídolo Rogério arrebentou o tornozelo num treino e passou vários meses no estaleiro; único craque do time, Hernanes, estourou o joelho; a diretoria mandou o Muricy tricampeão embora e, ainda por cima, contratou um zé mané, o Ricardo Gomes, técnico sem história de vencedor recolhido na França, que tinha tudo pra dar errado. Eu mesmo escrevi tudo isso aqui.

Com tudo contra, o São Paulo não só saiu do risco do rebaixamento como foi subindo na tabela até entrar no G-4 e, neste domingo, pela primeira vez no Brasileirão 2009, chegou ao primeiro lugar empatado com o Palmeiras, que só mantem a liderança porque tem maior saldo de gols.

Ao empatar com o Santo André, em Ribeirão Preto, depois do Inter perder do Vitória, sábado, em Salvador, o São Paulo chegou ao topo com os mesmos 44 pontos do Palmeiras de Muricy. O Palmeiras, que tem um jogo a menos, ficou fora desta rodada e só volta jogar na próxima quarta-feira contra o Cruzeiro, no Mineirão.

Até lá, um time sem técnico ganhador, sem grandes estrelas, sem empolgar nem a sua própria torcida, jogando só para o gasto, vai ficando na co-liderança do campeonato.

E agora? Quem vai tirar o São Paulo de lá? Como no ano passado, este time que não joga bonito, vai correndo por fora, comendo pelas beiradas e, de repente, torna-se um dos grandes favoritos a conquistar mais um título, o quarto seguido.

Quem explica este milagre? Como sou apenas um velho torcedor do São Paulo, que ameaçou outro dia passar a torcer pelo Palmeiras do Muricy para agradar a neta palmeirense, não sei a resposta.

Durante todo o primeiro tempo do jogo contra o Santo André, o São Paulo foi dominado, com o velho Marcelinho tomando conta do meio de campo. Achamos um gol logo no começo do jogo, com um chute de fora da área do lateral Jean, mas daí para a frente ficamos só cozinhando o galo.

E o São Paulo acabou castigado pela falta de ousadia, pelo futebolzinho burocrático. Quase no final do jogo, o Santo André, este pequeno grande algoz do São Paulo nos últimos anos, chegou ao empate.

Desse jeito, o meu São Paulo pode até ser campeão de novo, tetracampeão consecutivo ou heptacampeão, mas ainda não voltou a jogar um futebol capaz de honrar a camisa tricolor.

Se tiver que responder à minha pergunta do título, só tenho uma explicação: o milagre é justamente esta camisa de três cores. Camisa pode não ganhar jogo, mas ajuda a lembrar a história de um time vencedor.


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