Nesta sexta-feira (16), começa a II Janela Internacional de Cinema do Recife. O festival vai até o dia 24 de outubro e tem como principal objetivo ver e discutir filmes de Pernambuco, do Brasil e do mundo. A mostra acontece em dois locais: Cine Apolo e Cinema da Fundação, e tem ingressos com preços entre R$ 1 e R$ 8.
O evento é eclético. Durante os nove dias, o público terá o prazer de prestigiar filmes de todos os gêneros e formatos. A programação é dividida entre mostras competitivas de curtas-metragens (brasileira e internacional), sessões de longas-metragens (todos inéditos no Recife) e mostras não competitivas. Debates com diretores, atores, críticos e convidados também estão programados para acontecer após as apresentações.
A escolha da capital pernambucana como sede do evento não foi por acaso. Há muito tempo a cidade é uma grande produtora de obras-primas brasileiras, principalmente no cenário de curtas. Kleber Mendonça Filho, da CinemaScópio Produções, organizadora do festival, é crítico de cinema e um dos curadores do evento. Ele fala sobre a força da cidade no cenário nacional. “Desde os anos 1990, quando os filmes eram feitos sem nenhum tipo de incentivo, Recife vêm se destacando. É uma cidade muito interessante culturalmente.” Além disso, Filho ressaltou a importância de explorar mais o País. “É muito bom vermos um festival com autonomia fora do eixo Rio-São Paulo”, completa.
A sessão de longas será pequena, com apenas quatro filmes pernambucanos e outros cinco internacionais, que participaram dos festivais de Cannes e de Berlim. Entre eles, destaque para Los Abrazos Rotos, novo filme do premiado diretor espanhol Pedro Almodóvar.
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Outra programação que faz parte do evento é o especial MuVi 2009, onde serão exibidos videoclipes feitos por realizadores alemães a partir de músicas disponíveis para aquisição ou acessíveis na internet. Haverá reinterpretações originais para músicas de bandas como Radiohead e os Beatles. A ideia veio da Alemanha e a organização do evento também irá mostrar um trabalho semelhante, feito a partir de videoclipes de expoentes da música pernambucana como o Nação Zumbi e o Mundo Livre SA.
Mas o “carro chefe” do evento é mesmo a mostra competitiva de curtas, com 72 filmes, muitos dos quais já participaram e foram premiados nos principais festivais do Brasil e do mundo. Na mostra internacional, dos 285 filmes enviados, foram selecionados 35, de 19 países diferentes. Entre eles, estão três filmes de diretores brasileiros que residem fora do País e por isso concorrerão no evento internacional.
Theo Solnik, que vive na Alemanha, é um deles. O brasileiro irá apresentar seu filme Rikkomus / Outrage pela primeira vez, e a expectativa é grande. Solnik também elogiou a iniciativa do festival. “Pernambuco produz coisas interessantes há muito tempo, já é um centro. O evento é muito significativo e com o patrocínio do governo (de Pernambuco) é melhor ainda, porque desvincula um pouco de interesses comerciais”, lembra.
O diretor está muito ansioso para conferir a reação sobre a estreia mundial de sua obra e enfatizou também os filmes nacionais que serão mostrados. “Eu participarei da mostra internacional porque moro na Alemanha, mas as produções brasileiras não devem em nada para as internacionais. O Brasil é muito rico”, ressalta.
O curador Kleber Mendonça Filho também tem opinião semelhante sobre a qualidade das produções nacionais. “Quanto a curtas e documentários estamos muito avançados, mas longas ainda devemos um pouco.” Ele lembrou que no início dos anos 90 só recebia algum tipo de incentivo quem tinha contatos e, mesmo assim, o Brasil não parou de produzir coisas boas. “Para crescermos mais ainda o que falta é a evolução do nosso mercado”, finaliza o curador.
A programação nacional contará com 35 curtas. Entre eles, alguns já até contam com um prestígio internacional, como é o caso de Chapa, da diretora Tatiana Toffóli, que participou da última edição do Festival de Cannes, além de O Teu Sorriso, do diretor Pedro Freire, que já participou dos festivais de Veneza e de Gramado e tem o renomado ator Paulo José no elenco.
Outra iniciativa interessante promovida pelo festival será a Janela Pernambucana, que abre espaço para a exibição de oito filmes do Estado, em uma amostra não competitiva. O curta Não me Deixe em Casa, do diretor Daniel Aragão, foi um dos selecionados para integrar a mostra. “O Janela é um dos poucos festivais que pensa nos filmes do Brasil. Recife pra mim hoje é mais polo de cinema autoral que Rio e São Paulo juntos”, opina Aragão. O que esperar dessa segunda edição do evento? “Debate é algo que o Janela sempre faz muito bem. É a melhor coisa do festival”, finaliza.
Para continuar e estimular esses interessantes debates, foi criada a Oficina Cinematográfica Crítica, que selecionou sete universitários para fazer parte do júri do evento. “Quando comecei, tudo que eu precisava era de uma oportunidade. É uma iniciativa muito bonita e prática”, lembra Kleber Mendonça Filho. O curador também revelou que três universitários que participaram da 1ª edição da Oficina Cinematográfica Crítica hoje estão trabalhando em importantes veículos especializados no cinema. Viva a Janela Internacional de Cinema do Recife. Viva o cinema do Brasil.
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