O humorista do Império do Brasil

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O nome de Manuel de Araújo Porto-Alegre (1806-1879) literalmente fez história. Em vários sentidos. Porto-Alegre, como ficou conhecido, foi uma das figuras mais desconcertantes da história da cultura e das artes no Brasil, apesar de hoje pouquíssimo conhecido – embora citado em livros sobre o Brasil Império. Entre suas diversas atividades, atuou como arquiteto; fez trabalhos de cenografia e decoração para teatro e para festas da monarquia; é considerado autor das primeiras caricaturas realizadas no país; foi idealizador da estátua equestre de Dom Pedro I, no Rio de Janeiro; escreveu algumas novelas, muitas peças para teatro e diversos poemas; esteve em cargos de poder em instituições de cultura importantes da época, como o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) e a Academia Imperial de Belas Artes (Aiba), com importantes desdobramentos na arte brasileira da segunda metade do século XIX.
 

A partir desta quarta, 19 de fevereiro, a unidade carioca do Instituto Moreira Salles (IMS) apresenta a exposição Araújo “Porto-Alegre: Singular & Plural”, com curadoria de Julia Kovensky, coordenadora de Iconografia do IMS, e Leticia Squeff, professora de História da Arte da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). São apresentadas 50 obras do artista, com destaque para a sua produção gráfica, de acordo com o costume da área de iconografia brasileira do IMS de trabalhar com obras que têm como suporte o papel. A mostra reúne aquarelas, esboços, desenhos feitos à grafite e a nanquim. Também traz textos, poemas e projetos de arquitetura e cenografia. 

O principal objetivo é mostrar a ampla atuação de Araújo Porto-Alegre no universo artístico brasileiro do século XIX e como suas ideias foram fundamentais para a sedimentação de uma cultura nacional. Segundo os organizadores, o projeto expositivo partiu da intenção de levar ao público um álbum composto por desenhos e documentos que pertenceram ao autor e que hoje integra o acervo do IMS. Para as curadoras, a exposição propõe relacionar esses esboços a outras produções do autor e a obras de outros pintores aos quais esteve ligado, seja como professor, ou como crítico. Para isso, além das obras que fazem parte do acervo do IMS, apresentaremos também obras que pertencem a outras instituições, como o Museu Nacional de Belas Artes, a Fundação Biblioteca Nacional, o Museu Julio de Castilhos, o Margs, o Museu d. João VI, o Museu Imperial, o Museu Histórico Nacional, além de coleções particulares. 

A maioria das obras, com datações variadas, abrange o período em que Porto-Alegre esteve na Europa pela primeira vez (1831-1837), acompanhando seu mestre Jean-Baptiste Debret, que voltara para a França definitivamente, e aprimorando sua formação como pintor. Para o evento, o IMS lança um catálogo que reune imagens das obras de Porto-Alegre, uma seleção com seus escritos e uma cronologia, além de artigos sobre diversos aspectos da atuação do artista, feitos por especialistas convidados. O catálogo traz ainda reproduções fac-similares do álbum do Instituto Moreira Salles e do Álbum de pinta-monos.

Exposição Araújo Porto-Alegre: singular & plural
Instituto Moreira Salles – Rio de Janeiro
Rua Marquês de São Vicente, 476, Gávea
De 19 de fevereiro a 13 de abril, 2014
De terça a domingo, das 11h às 20h
Entrada franca – Classificação livre
Mais informações em: www.ims.com.br


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