Um público seleto compareceu ao grande auditório do Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, na noite de terça-feira (24), para assistir ao grande encontro de dois ícones da musica instrumental: o brasileiro Yamandu Costa e o português Pedro Jóia.
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A abertura do concerto foi feita por Pedro Jóia, que apresentou três músicas. Em seguida, agradeceu ao carinho do público e, emocionado, apresentou o amigo que conheceu no período em que morou no Brasil, no Rio de Janeiro. “Foi mais que um encontro, foi um grande momento em minha vida profissional. Considero este artista um dos maiores talentos que já conheci. Além disso, Yamandu é um grande amigo, um grande ser humano”, declarou o guitarrista, que recebeu o brasileiro com um caloroso abraço, enquanto a plateia aplaudia os dois de pé.
O músico brasileiro integrou-se à sua viola e deu continuidade à festa, como bem sabe fazer, tocando com suas sete cordas belas canções de um repertório improvisado, bem heterogêneo, entre bossa nova, choro e fados.
Depois da segunda música, fez um pequeno intervalo e agradeceu a presença de todos que estavam prestigiando seu trabalho, em especial o percussionista brasileiro Airto Moreira, acompanhado de sua esposa, Flora Purim. Falou do prazer de estar de volta ao palco lisboeta e anunciou a próxima música, inédita. “Vou tocar um fado que fiz depois de uma pesquisa na internet, onde me deparei com um vídeo de Carlos Paredes”. Paredes foi um grande compositor português, natural da cidade de Coimbra, e um dos principais responsáveis pela divulgação e popularidade da guitarra portuguesa.
Entre os homenageados da noite, Yamandu citou o escritor gaúcho Érico Veríssimo. Depois, tocou a canção Ana Terra, música que faz referência a uma das personagens do grande romance de Veríssimo, O Tempo e o Vento. Além do escritor, outro homenageado foi o genial violonista Rafael Rabello, de quem Yamandu disse ter boas recordações.
Depois de apresentar várias músicas, o grande convidado da noite beijou seu instrumento e se despediu do público, que o aplaudiu e pediu mais. Pedido aceito. Yamandu volta com o amigo Pedro Jóia para juntos apresentarem mais três temas e mais uma suposta despedida. Mas, Yamandú regressa e encerra a grande festa, tocando mais duas músicas. Ele deixa o palco abraçado a seu violão, mais uma vez aplaudido de pé pelos presentes no CCB.
Pedro Jóia apresentou-se com um instrumento de seis cordas, construído propositadamente por Oscar Cardoso, um híbrido de alaúde com guitarra portuguesa e guitarra clássica. “Foi fabuloso. Não pensei que houvesse pessoas que tocam assim. É espetacular. Já vi muita gente tocar, mas fiquei impressionado. Não tenho palavras para explicar aquilo que sinto. Fiquei admirado. Parece que o instrumento faz parte do corpo, um braço, uma perna, uma coisa incrível”, disse Oscar Cardoso, cujas guitarras e violões são utilizados por muitos músicos, como Mestre Manuel Marques, conhecido no Brasil como “o mago da guitarra portuguesa”.
A cantora de jazz Flora Purim, que mora há um ano em Lisboa, disse ao site da Brasileiros já ter assistido a muitos concertos, mas nenhum a comoveu tanto como o de Yamandu. “Já conhecia o trabalho dele, mas vi pela primeira vez hoje aqui. Estou sem palavras para descrever tamanho talento. Ele se integra com o instrumento, é magnífico. Estou encantada”, disse Flora. Para o percussionista Airto Moreira, que no próximo ano vai realizar uma turnê pela Europa e pelo Brasil com Yamandu, o gaúcho é o expoente máximo da música instrumental.
No camarim, Yamandu e Pedro receberam amigos e jornalistas e falaram do magnífico encontro artístico. “Para mim, Yamandu é uma espécie de extraterrestre, um gênio da música. O concerto foi o encontro de dois amigos que se expressam pelo mesmo instrumento”, disse Pedro.
Para Yamandu, o encontro com o amigo Pedro Jóia aconteceu por puro carinho que possui pelo guitarrista português. “O Pedro é uma pessoa iluminada, um grande músico que conheci no Rio. Disso só poderia ter saído boa música, como essa que apresentamos aqui hoje em grande estilo, em nosso primeiro encontro profissional em palco”, lembrou. Yamandu disse ainda que irá se apresentar em vários países da Europa, e encerrará a turnê em Paris, com duas apresentações, uma a solo e outra com a orquestra nacional francesa.
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