2010, o ano que não vai começar?

“Vamos deixar para ver isto depois do Carnaval”

Desde o começo do ano da graça de 2010, os leitores já devem ter ouvido ou lido muitas vezes esta frase. Já nos habituamos com a ideia de que o ano no Brasil só começa para valer depois das festas de Momo, como se dizia antigamente.

Isto vale tanto para grandes decisões políticas sobre candidaturas e alianças, como para novos negócios ou a assinatura de contratos, planos de mudança de casa ou de emprego, dar um tapa no visual ou trocar de carro.

É sempre assim. Em 2010, porém, corremos o risco de chegar ao final do ano sem que ele tenha de fato começado. Passado o carnaval, que já está nas ruas em vários pontos do país, vamos entrar em ritmo de Copa do Mundo.

Até lá, ficaremos discutindo a seleção brasileira de futebol, quem deve entrar ou sair do time do Dunga, o melhor esquema tático para enfrentar nossos adversários.

Já tem gente achando melhor deixar a Copa da África do Sul terminar antes de tomar suas decisões estratégicas porque o Brasil não vai estar com cabeça para pensar em outra coisa.

Depois das Copa, já vamos entrar de cabeça na campanha eleitoral no rádio e na TV para escolher o sucessor de Lula, os novos governadores, senadores e deputados. Não se falará de outro assunto.

Se tivermos segundo turno, só em novembro teremos uma definição sobre quem será o novo presidente, permitindo que cada um faça seu jogo diante do novo quadro político que emergirá das urnas.

Só que aí já estaremos entrando no clima de fim de ano, festejos de Natal, planos para as férias, montagem do novo ministério Melhor deixar que o novo presidente assuma a 1º de janeiro para só então decidir o que queremos fazer da vida. Adeus, 2010.

Era este o papo nesta véspera de Carnaval no bar da esquina ao lado do meu prédio que costumo frequentar nos fins de tarde, depois do expediente. Lá pelas tantas, meu amigo J. disparou:

“É Mas este ano eu preciso ganhar dinheiro, nem que seja honestamente”

Outro amigo lembrou-lhe uma frase que seu pai sempre repetia: “Se o vigarista soubesse o quanto é bom ser honesto, ele seria honesto nem que fosse só por vigarice”.

Feliz Carnaval e feliz 2011 para todos. Vou-me embora para Porangaba e volto a qualquer momento, se a bendita conexão do meu laptop assim o permitir.


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