Em uma decisão inédita, o Superior Tribunal de Justiça (STJ), ordenou na quarta-feira (10) o afastamento do cargo e a prisão do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda. A decisão foi tomada em sessão do Tribunal Especial do STJ, formado pelos 15 ministros mais antigos, depois do pedido de afastamento do cargo e a prisão ter sido solicitada pelo ministro Fernando Gonçalves. O ministro, que é o relator dos processos sobre o chamado “Mensalão do DEM”, esquema bilionário de corrupção que seria comandado por Arruda, segundo denúncias feitas à Polícia Federal por Durval Barbosa, ex-integrante do governo Arruda e de seu antecessor, Joaquim Roriz, acusou Arruda e seu grupo de estarem tentando cooptar e intimidar testemunhas e apagar provas da corrupção. O escândalo foi descoberto depois que Durval entregou para a PF uma longa série de vídeos com cenas de corrupção. Em uma delas, o governador agora preso aparece recebendo propina em dinheiro vivo.
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Outros implicados no caso são deputados distritais, todos flagrados recebendo dinheiro das mãos de Durval, oriundo de propinas pagas por empresas do setor de informática. Arruda se entregou à PF no final da tarde, ficando preso na sala do superintendente do órgão em Brasília.
A situação de Arruda complicou-se mesmo depois que o jornalista Edson Sombra, uma das testemunhas de acusação no escândalo das fitas, montou junto com a Polícia Federal um flagrante de uma tentativa de suborno. Nas imagens, Sombra recebe de um enviado de Arruda, Antonio Bento, membro do Conselho Fiscal do Metrô de Brasília, uma sacola com R$ 200 mil. O dinheiro, segundo o jornalista seria uma espécie de sinal de um suborno que chegaria, entre dinheiro e outras vantagens, a quase R$ 4 milhões. O ministro Fernando Gonçalves, em seu despacho, disse que a prisão de Arruda e mais cinco pessoas a ele ligadas – incluindo um deputado distrital, um diretor da Companhia de Energia de Brasília (CEB), o chefe da Comunicação Social do governo, Wellington Moraes e um sobrinho de Arruda, Rodrigo Arantes, que intermediou tudo – era necessária para restabelecer a legalidade do DF. O vice de Arruda, o empresário da construção civil Paulo Octavio, anunciou que assumiria o cargo ainda na noite de quinta-feira, mas o Procurador Geral da República, Roberto Gurgel, também no final da tarde do mesmo dia, encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido de intervenção federal no DF. Se isso for aprovado, caberá ao Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lamentou a prisão de um governador como um fato triste para a democracia – escolher esse interventor. Os advogados de Arruda entraram com um pedido de habeas corpus no STF. O pedido está sendo analisado pelo ministro Marco Aurélio Mello, que anunciou que poderá dar sua decisão nessa sexta-feira.
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