O site da Brasileiros entra no ritmo do Carnaval. A partir deste sábado até quarta-feira, vamos falar um pouco de músicas relacionadas à maior festa popular do Brasil. Vamos lembrar a história da canção, a letra, quem compôs, a época da música, enfim, recordar é viver!
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O verão 2010 tem sido especialmente infernal para os cariocas. Temperaturas que ultrapassam os 40 °C e sensação térmica na casa dos 50 °C. Um forno! Mas, para quem pensa que no passado não era assim, há uma história em torno de uma marchinha de carnaval que comprova duas coisas: o Rio já era muito quente e Pixinguinha foi um gênio.
A história está no livro Nássara – o Perfeito Fazedor de Artes, da coleção perfis do Rio (Editora Relume Dumará), escrito por Isabel Lustosa. Carlos Galhardo, o Nássara, foi um dos personagens mais interessantes do Rio de Janeiro e do Brasil. Carioca, filho de libaneses, ele compunha marchinhas carnavalescas nos anos 1930 e batia nada mais nada menos do que Noel Rosa, Lamartine Babo e Ary Barroso nos concursos.
Além de compositor, Nássara era jornalista e caricaturista. Aliás, um talentoso caricaturista, que trabalhou nos principais veículos de comunicação do País, como O Cruzeiro, Mundo Ilustrado, Última Hora e O Pasquim. Em sua biografia, ainda está um feito importante: ele compôs o primeiro jingle comercial do Brasil, para uma padaria em 1932, quando trabalhava na Rádio Philips.
Mas, e o Carnaval? Bom, Nássara compôs, ao lado de Haroldo Lobo, um dos maiores sucessos carnavalescos: Alá-la-ô, de 1941. Generoso, disse que o verdadeiro responsável pelo sucesso da marchinha tinha sido Pixinguinha, como conta Isabel Lustosa no livro sobre ele.
Nássara diz que o chefe da RCA Victor gostaria de acelerar a gravação da música. Então, levou as partituras pessoalmente a Pixinguinha, que era quem fazia as orquestrações para a gravadora na época. Chegando em Catumbi, ao meio-dia do verão carioca, Nássara encontrou Pixinguinha de cuecas, sentado junto ao piano, suando demais.
Ele mostrou Alá-la-ô ao mestre do choro, que pegou as partituras e rasgou na hora, dizendo que o arranjo de piano estava completamente fora da melodia. Chamou a mulher, Geny, pegou um papel e reescreveu na hora toda a melodia e o arranjo. No dia da gravação, Nássara percebeu que Pixinguinha tinha dado o ritmo certo para a música. Uma batida empolgante, original, carnavalesca. Uma marchinha perfeita!
Pixinguinha suou e deve ter se sentido dentro do próprio Saara descrito em Alá-la-ô!
Alá-la-ô ô ô,
mas que calor ô ô.
Atravessando o deserto do Saara,
o sol estava quente
e queimou a nossa cara,
Alá-la-ô ô ô.
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