É preciso cantar

Acabou nosso carnaval
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Ninguém ouve cantar canções
Ninguém passa mais brincando feliz
E nos corações
Saudades e cinzas foi o que restou

É, acabou. Para terminar o desfile por outros carnavais da história, o site da Brasileiros relembra a linda Marcha da Quarta-feira de Cinzas, seguramente a música que melhor expressa o sentimento do fim da maior festa popular do Brasil. A melancolia, a tristeza, a dorzinha no peito pela volta à realidade. Mas, mais do que um hino sobre o fim da folia, a canção tem um forte viés político.

Fevereiro de 1963. O Brasil vivia tempos conturbados. João Goulart era o presidente, mas tinha forte resistência da elite. Pouco tempo depois, o País mergulharia em um dos piores momentos de sua história. Um golpe militar e mais de 20 anos de hiato democrático. Tristes tempos.

Na mesma noite em que compuseram o Hino da UNE, Vinicius de Moraes e Carlos Lyra tiraram a Marcha do forno. É uma música de protesto, que se encaixa na temática política e engajada seguida por Lyra na época. Um triste prenúncio dos tempos difíceis que o Brasil teria. A história está na biografia O Poeta da Paixão, do jornalista José Castello, que conta a vida do querido “poetinha” Vinicius de Moraes.

Mas, também, uma chama de esperança por dias melhores, por outros carnavais. Uma mensagem de otimismo, com o lirismo e a beleza do eterno poeta Vinicius.

Por isso, é preciso cantar. Sempre.


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