O último ensaio

Na terça-feira (2), a seleção brasileira tem o último jogo antes da disputa da Copa do Mundo de 2010, na África do Sul. O time de Dunga encara a Irlanda, no Emirates Stadium, estádio do Arsenal, em Londres, às 17h05min (horário de Brasília). A estreia na África será no dia 15 de junho, contra a Coreia do Norte (veja página especial da Copa do Mundo de 2010 no iG).
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Historicamente, os testes finais da seleção antes dos mundiais são jogos que definem pouca coisa. Com a seleção que vai até a África do Sul, não é diferente, pois está claro que Dunga tem o elenco definido, com poucas exceções, como a lateral esquerda. Mas, se não define muita coisa para os jogadores, ao menos é motivo de superstição para a torcida brasileira.

Nos cinco títulos mundiais do Brasil (1958, 1962, 1970, 1994 e 2002), foram cinco vitórias nos jogos oficiais derradeiros antes da Copa (*). Tudo bem que isso não quer dizer nada na análise fria e racional do futebol, mas conta no imaginário do torcedor, na mandinga do secador e no fator superstição de toda a Nação.

Em 1958, a seleção brasileira comandada por Vicente Feola teve dois jogos contra a Bulgária antes de partir para a Europa. No Maracanã, 4 a 0 (dois gols de Moacir, um de Dida e um de Joel), seguido de nova vitória no Pacaembu, de virada: 3 a 1. Pelé marcou dois gols no jogo e Pepe anotou o outro para o Brasil, enquanto Diev abriu o marcador para os búlgaros.

Antes do primeiro título mundial, a seleção ainda realizou jogos-treino contra Corinthians (5 a 0, em duelo polêmico, com contusão de Pelé e pedidos da torcida corintiana por Luizinho na Copa), Fiorentina e Internazionale de Milão (duas vitórias por 4 a 0). Mas, o jogo oficial antes da Copa da Suécia é a vitória por 3 a 1 sobre a Bulgária, em São Paulo.

Já antes do bicampeonato no Chile, em 1962, outros dois amistosos contra um mesmo adversário, nesse caso o País de Gales. No Maracanã, o time de Aimoré Moreira venceu por 3 a 1, com gols de Coutinho, Pelé e Garrincha. No Pacaembu, nova vitória pelo mesmo placar, com dois de Pelé, um de Vavá e Leek descontando para os galeses.

Em 1970, a seleção brasileira de Zagallo realizou o último jogo oficial contra a Áustria, com vitória por um magro placar de 1 a 0, com gol de Rivelino, no Maracanã. Já no México, o time do tri ainda jogaria contra um combinado de Guadalajara (vitória por 3 a 0), um combinado de León (5 a 2) e ainda contra o Irapuato, com nova vitória de 3 a 0. Depois, o Brasil encantou o mundo, comandado por um genial e experiente Pelé.

Vinte e quatro anos depois, o Brasil voltou a gritar “Campeão”. A pragmática equipe de Carlos Alberto Parreira enfrentou dois times da América Central antes do tetra. Diante de Honduras, um massacre de 8 a 2, com três gols de Romário, dois de Bebeto, um de Cafu, um de Raí e outro de Dunga (!). Já contra El Salvador, 4 a 0, gols de Romário, Bebeto, Zinho e Raí, em jogo marcado pela contusão que tirou Ricardo Gomes da Copa dos EUA.

Antes de conquistar o penta na Coreia do Sul e Japão, a Família Scolari goleou a Malásia por 4 a 0, com gols de Ronaldo, Juninho Paulista, Denílson e Edílson. Foi o último teste antes da vitória na estreia da Copa de 2002, 2 a 1, de virada, contra a Turquia. Depois, mais seis jogos para o pentacampeonato e a consagração de Ronaldo Fenômeno e Cia..

“Se macumba ganhasse jogo, o Campeonato Baiano terminaria empatado”. Tudo bem, a frase do genial João Saldanha pode ter sentido, mas não custa nada a seleção brasileira de Dunga vencer a Irlanda para manter a escrita de vitórias antes de conquistas. Então, pegue sua figa, pé de coelho, trevo de quatro folhas e todos os seus amuletos e faça sua mandinga!

Atualização, dia 02/03, às 19h20: A escrita está mantida! Brasil venceu por 2 a 0, com um gol contra de Andrews e outro de Robinho. Rumo à África do Sul e, se Deus quiser, rumo ao hexacampeonato!

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(*) Fonte: Todos os Jogos do Brasil, Editora Abril, de Ivan Soter, André Fontenelle, Mario Levi Schwartz, Denis Woods e Valmir Storti


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