Um ficcionista documental

Que País é esse que teima em não querer conhecer sua história e a dos seus mais ilustres artistas? Sylvio Back, nascido em Blumenau em 1937, e filho de imigrantes, tem mais de 30 filmes (ficção e documentário), entre curtas, média e longas-metragens, mas ainda é pouco conhecido pelo público (mal da maioria dos nossos cineastas, ou seria do nosso cinema?). Entre as suas produções com maior destaque temos: Aleluia Gretchen, de 1976, Rádio Auriverde, de 1990, Lost Zweig, de 2003 (seu último filme) e A Guerra dos Pelados, de 1970, filme ficcional que retrata a Guerra do Contestado (1912-1916), conflito entre Santa Catarina e Paraná, por questões fundiárias e de fronteiras. O cineasta faz uma carreira híbrida, hora ficção hora documentário, ou ambos simultaneamente.
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Sobre o tipo de filmes que faz, ele respondeu, em entrevista ao Jornal do Brasil: “É uma espécie de antidocumentário, que tem o formato chamado docudrama. Um misto de documentário e de ficção. Onde a ficção não dá conta, o documentário completa, onde o documentário não alcança, a ficção dá conta”. Só assim para entender por que ele fez o documentário O Contestado – Restos Mortais, que retorna ao tema da sua ficção A Guerra dos Pelados. No documentário, ele traz entrevistas com especialistas e historiadores sobre o sangrento episódio, usando, inclusive trinta médiuns que, em transe, revelam alguns relatos dessa história pouco conhecida. Certamente, o filme ficcional sobre o assunto não deu conta de abarcar essa história, que ele completa no novo documentário. (O filme vai ser exibido nesta segunda-feira (12), às 21h, no Espaço Unibanco de Cinema).

A São Paulo de B.J. Duarte

Nas comemorações do centenário de nascimento do fotógrafo, cineasta e crítico Benedito Junqueira Duarte (1910-1995), o É Tudo Verdade presta uma justa homenagem a esse profissional que focou suas lentes para São Paulo, em mutação ao som da “locomotiva” industrial. B.J. Duarte quis compreender a transformação vertiginosa que a metrópole paulistana passava, e deixar seu testemunho, por meio dos documentários e das fotografias, que iria eternizar aquelas mudanças. Nesta segunda, às 20h, na Cinemateca Brasileira, serão exibidos alguns dos seus curtas-metragens documentais sobre São Paulo (Ratificação do Rio Tietê, Viagem em redor de São Paulo, Festa do Divino em Nazaré Paulista, Lucas Nogueira Garcez (título atribuído), A Metrópole de Anchieta, Um Lençol de Algodão e Uma Escola de Médicos). Seus filmes e suas fotografias servem como um facho de luz sobre as sombras da História, que se não iluminadas, ficam esquecidas no breu da memória.

Noticiário do É Tudo Verdade

Segredo do Padilha

No domingo à noite, na primeira e concorrida exibição do documentário Segredos da Tribo, de José Padilha, no Espaço Unibanco de Cinema, existia a possibilidade de o diretor estar presente, o que não ocorreu. Amir Labaki, ao abrir a sessão, disse que Padilha não iria comparecer, porque está terminando as filmagens do seu novo longa Tropa de Elite 2. Labaki revelou que tentou falar no celular com o diretor, naquela hora, mas não conseguiu contato. Uma pena, pois o documentário nos traz tantas e aterradoras histórias do episódio envolvendo alguns antropólogos americanos e europeus que estiveram, entre os anos 1960 e 1970, com os índios ianomâmis, na fronteira entre Venezuela e Brasil, que renderia um belo debate entre o público e o diretor. A sessão estava lotada e, no final, fora dos padrões de um festival em que o público ou bate palma ou vaia ou ambos, não houve nenhuma manifestação, além do silêncio. As histórias que o público tinha acabado de ver e ouvir provavelmente precisavam ser digeridas e refletidas. Mas não faltará oportunidade para que isso aconteça.

Problema de organização?

Alguns frequentadores do festival É Tudo Verdade andam reclamando por não conseguirem ingressos, mesmo chegando com uma hora de antecedência da exibição dos filmes, como pedem os organizadores. Estamos observando que algumas cadeiras do Espaço Unibanco de Cinema (sala 1) estão ficando vazias, mesmo com ingressos esgotadas na bilheteria. O que estará acontecendo? Espero que os organizadores consigam checar e resolver o problema para que o público que prestigia o festival não fique prejudicado.

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