A Copa dos brasileiros

Muitos bons jogadores da história do futebol tiveram a infelicidade de terem nascido no Brasil e, por isso, nunca disputaram uma Copa do Mundo. São poucas vagas para muitos jogadores e vários são deixados de fora. [nggallery id=14344] Mas isso vem mudando nos últimos anos. Todo jogador sonha em disputar uma Copa do Mundo, ainda mais quando tem a capacidade para estar em um mundial. Para aqueles que não conseguem estar entre os 23 do grupo brasileiro, a única solução é abdicar da amarelinha e ir defender as cores e a honra de outro país.O primeiro a abrir mão da seleção brasileira por uma chance na Copa do Mundo foi Filó, que também foi o primeiro brasileiro a sentir o gosto do título na Copa do Mundo. Jogador do Corinthians na época, Filó disputaria a Copa do Mundo de 1930 pelo Brasil, porém, um desentendimento entre as federações paulista e carioca, fez com que o time brasileiro fosse composto somente por atletas que atuavam no Rio naquele ano. Em 1931, Filó se transferiu para a Lazio, onde ficou conhecido como Guarisi. Filho de italianos, ele pôde jogar a Copa do Mundo de 1934 e ajudar a Azurra a levantar seu primeiro título.Altafini, mais conhecido como Mazzola, é outro que defendeu a Itália em Copas do Mundo. O curioso é que, na época, as regras eram diferentes e um atleta poderia jogar por mais de uma seleção. Foi o que aconteceu com Mazzola. O atacante defendia o Palmeiras, em 1958, e foi chamado para ser titular na Copa do Mundo daquele ano. Marcou dois gols na estreia, mas acabou perdendo a vaga para um jovem de 17 anos que atendia pelo nome de Pelé.Naquele mesmo ano, Mazzola embarcou para a Itália e virou Altafani (no país da bota, atuou por Milan, Napoli e Juventus). Enquanto isso, no Santos, o garoto que havia ganhado sua posição, em 1958, virou homem e um dos melhores jogadores do mundo. Mazzola, agora Altafini, viu seu espaço diminuir na seleção brasileira e acabou aceitando o convite para defender a, na época, bicampeã do mundo Itália, na Copa de 1962. Azar o dele, já que naquele ano o Brasil de Pelé e, principalmente, Garrincha, foi o campeão. No mundial do Chile, Altafini teve a companhia de outro jogador brasileiro que atuou pela Itália: Angelo Benedicto Sormani, conhecido como Sormani.Mas, na época o mundo era outro. Filó e Mazzola tinham descendência italiana, as formas de comunicação entre continentes eram dificílimas, ou seja, não era possível saber se determinado jogador estava bem ou não e as viagens transatlânticas duravam mais de dez dias.O primeiro brasileiro a participar de uma Copa por outro país sem ter descendência foi Alexandre Guimarães, que disputou o torneio em 1990 pela Costa Rica. Wagner Lopes (Japão, Copa de 1998), Luís Oliveira (Bélgica, Copa de 1998), José Clayton (Tunísia, Copas de 1998 e 2006), Francileudo (Tunísia, Copa de 2006) e Zinha (México, Copa de 2006) foram outros brasileiros que vestiram outras camisas em mundiais. Alexandre Guimarães foi também o primeiro brasileiro a enfrentar o Brasil como jogador em Copas do Mundo, na derrota dos costarriquenhos por 1 a 0, no jogo da primeira fase, além de ter sido o treinador da Costa Rica em 2002, quando a seleção voltou a perder para o Brasil (5 a 2), na primeira fase. Depois dele, Alex Santos também enfrentou a seleção canarinho, na Copa de 2006, defendendo o Japão (vitória brasileira por 4 a 1).Na Copa de 2010, dois “mercenários” já irão, com certeza, enfrentar o Brasil. O primeiro deles é um dos grandes craques da seleção portuguesa, último adversário do Brasil na primeira fase. Deco saiu do Brasil como um mero desconhecido, rumo a Portugal. Lá, depois de passagens apagadas por Benfica, Alverca e Salgueiros, se destacou de verdade no Porto, clube no qual foi campeão europeu e mundial, em 2004. O sucesso foi tanto que Deco resolveu se naturalizar português, apesar de ainda enfrentava a desconfiança dos torcedores lusos. Com a chegada de Luiz Felipe Scolari ao comando da seleção, Deco foi chamado no ano de 2003, em um amistoso contra o Brasil. O meia fez o gol da vitória (2 a 1), de falta, e caiu nas graças dos portugueses.O sucesso de Deco abriu as portas para os brasileiros em Portugal. Liédson, ex-atacante do Flamengo e Corinthians, e hoje ídolo da torcida do Sporting, foi requisitado para suprir a falta de eficiência do ataque português e deve ir à Copa. O zagueiro brasileiro Pepe, titular absoluto da seleção portuguesa, se recupera de uma lesão e sua presença na Copa do Mundo ainda é incerta.Amauri é outro brasileiro que achou um atalho e, apesar de não fazer parte dos planos de Dunga, deve aparecer na Copa. O atacante até foi chamado pelo técnico brasileiro em amistoso contra a Itália. Muito em cima da hora, ele não foi liberado pela Juventus de Turim, seu clube. Talvez alguém tenha entrado em contato com a equipe italiana, já que, se jogasse pelo Brasil, Amauri não mais poderia defender qualquer outro país. Como isso não aconteceu e o jogador recebeu recentemente sua documentação italiana, Amauri segue com grandes chances de repetir feito de Filó e Mazzola.A melhor seleção da atualidade, a Espanha, também conta com o talento tupiniquim em sua equipe. Marcos Senna, que nunca passou de um jogador regular quando atuou em terras brasileiras, cresceu muito no futebol espanhol. Naturalizou-se em 2006 e já disputou a Copa do Mundo daquele ano. Dois anos depois, ajudou a Espanha a conquistar a Eurocopa, sendo, inclusive, considerado um dos 11 melhores jogadores do torneio. Hoje, é nome certo para a Copa de 2010, apesar de ser reserva.A tricampeã mundial Alemanha pode ser outra seleção com um toque de samba nos pés. O desconhecido Cacau, que há dez anos joga no futebol alemão, recentemente conseguiu seu passaporte e até jogou dois amistosos por sua nova pátria. Agora, ele torce para que Joachim Löw se lembre de seu nome para a África do Sul. Outro jogador com chances de ir à África do Sul com sangue brasileiro é o atacante Kevin Kuranyi. O jogador, que desde 2003 é chamado para a seleção alemã, está afastado da equipe desde 2008, por causa de indisciplina. Mas, Löw declarou que pode reconsiderar e convocar Kuranyi para a Copa de 2010. Seria a realização do sonho, frustrado em 2006.Além desses bons jogadores defendendo grandes seleções, também teremos alguns atletas em seleções menos expressivas, como é o caso de Feilhaber, que defenderá os EUA, e Marcus Túlio, que continua com a tradição de brasileiros no Japão. Isso é resultado de nossa liderança no ranking mundial de exportação da matéria-prima do futebol: o talento.

MAIS:
– Veja o nosso infográfico sobre os estádios da Copa
– Conheça as cidades sede com nosso infográfico
– Página especial da Copa do Mundo de 2010 no iG
Site oficial da Copa do Mundo de 2010


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